J Outono Em So Paulo?

Já é outono em São Paulo?

Quem te largou no meio do oceano não tem direito de saber o que aconteceu entre você e os tubarões e muito menos como você conseguiu chegar a praia.

Os últimos dias tem sido difíceis. Fui tomada por uma angústia de não-pertencimento sobre minha própria vida, como se eu insistisse em viver uma fantasia juvenil que não chega nem perto da minha realidade. Sinto que vivo no temporário e nada nunca é o efetivo. Roupas temporárias, relações temporárias, emprego temporário. Urge em mim um desejo de firmar meus pés no chão, na minha realidade, de parar de me entupir com anestésicos mentais que me tomam tempo e sanidade como se eu fosse um vaso de personalidade sugada, vazio, mesmo que só pros outros. Isso é ser maduro, acho.

Vontade tamém de abandonar meu passado, de apagar o que pode ser encontrado e começar do zero nessa nova maturidade que parece estar surgindo. Às vezes eu penso que a maturidade é perder o romantismo mas às vezes acho que é romantizar o que se tem.

Tô com vontade de tentar de novo me agarrar ao que existe. Me situar de novo nas minhas coordenadas e me permitir viver um pouco no meu corpo. Meu medo é que me permitir isso seja abrir mão de sonhar grande (não que eu o faça), mas aceitar a under mediocridade de vez e me decepcionar depois. Mas nada que não possa ser mudado, não é? E se não der tempo de desfazer? A maturidade é sonhar baixo?

Hoje foi mais um daqueles dias esquisitos onde me senti mal e deslocada e sem vontade de consumir o que gosto (isso é um alarme?). Me peguei me questionando se vou precisar da minha vida toda pra me curar ou um dia vou poder viver normalmente como as outras pessoas. Eu tenho urgência de viver... Por que está demorando tanto? Será que só vou querer ter filhos quanto não puder mais? Vou precisar viver toda a juventude tentando concertar as coisas antes de começar a viver o que deveria estar vivendo? Eu mereço coisa melhor? Talvez sim. É bem provável.