Yuki Ishikawa - Tumblr Posts

| and it was, enchanting to meet you
— player! ran takahashi × OC
— gênero: fluff, amor à primeira vista.
— conteúdo/avisos: os diálogos que aparecem em itálico são em inglês.
— word count: 10,2K
— nota da autora: meu primeiro one shot do ran (e espero que não o último), foi super gostoso de escrever e espero que vocês curtam ler também!
Melissa P.O.V
Faltavam cerca de 2 horas pra estar no aeroporto e estava aqui rodando meu apartamento atrás dos meus fones. Quero acreditar que Milo, meu gatinho, não tem nada a ver com o sumiço dos meus belos companheiros de viagem. Sei que é um tempo grande porém preciso chegar com antecedência pois acredito que esteja cheio.
Consegui alguns dias off do meu trabalho na FUNAI de Cuiabá e aproveitei pra colocar minha lista de afazeres do fim de semana em prática. E estes em questão seria, vôlei. A VNL (Liga das Nações de Vôlei) estará passando por terras brasileiras nessa semana, e como grande fã do esporte, e agora, com condições de presenciar, resolvi me presentear com isso. Com dois ingressos para partidas na sexta e no sábado, para ver respectivamente, Brasil e Japão jogarem (contra Cuba e Canadá), passarei 6 dias longe de casa.
Esse ano novamente a sede será no Rio de Janeiro, onde tenho um pouco de receio de ir, porém vou fazer o melhor pra me acalmar. Só verei dessa vez a primeira parada das seleções em solo brasileiro, se pudesse iria vários jogos, mas preferi reduzir ao máximo. Os jogos serão no Maracanãzinho, o qual sempre tive vontade de conhecer, e a casa da medalha de ouro dos jogos do Rio 2016.
Com passagens de ida e volta, e hospedagem prontas, achei meu fone e peguei tudo que precisava. Milo estará sobre os cuidados de uma babá de animais e com meu coração morrendo de saudade do meu filhote. Vou estar saindo da minha cidade numa quarta e voltando em um domingo de madrugada, pensando em deixar um espaço razoável para tudo. Chegarei ainda de tarde no Rio e vou aproveitar pra andar e comer algo por lá.
Além é claro de estar ansiosa para ver os jogos, estou ainda mais pra reencontrar uma amiga que não via à anos pela mudança de moradia, Amanda. Vou me encontrar com ela na quinta, um dia antes do jogo do Brasil para matarmos a saudade, já que ela vai ver se consegue um ingresso para o jogo do Japão, que sinceramente, peguei porque estava no pacote. Só não pensei de ter uma sorte tão grande e ser sorteada, ou selecionada como preferir, pra assistir um jogo/treino deles privado. Obviamente iriam outras pessoas, mas ainda me choca algo assim acontecer comigo.
Esse treino seria no fim da tarde, umas 16:00hs, então daria tempo pra mim e Amanda saírmos para comer alguma coisa por perto, já que esse treino seria no Maracanãzinho. Foi uma seleção feita pela própria VNL, todo ano eles selecionam algumas pessoas pra assisterem treinos das seleções que vão participar, e todas as seleções estão nesse pacote, e a escolhida para mim, foi a japonesa. Por ser treino privado não pode filmar ou fotografar, o que não será problema pra mim, mas acredito que eles liberem no final de tudo.
Como esperado o Rio estava pegando fogo. A cidade inteira movimentada e super viva, um clima gostoso e pessoas calorosas se espalhavam por todo canto. A vista do pão de açúcar e do Cristo é realmente algo que parece existir somente nos filmes, e que honra como brasileira que não é. Alugar um carro foi minha melhor decisão, se locomover sozinha é muito melhor e mais rápido. O hotel ficava perto do aeroporto, porém um pouco longe do ginásio, mas nada que me incomodasse.
Assim que cheguei fui ao mercado que tinha ao lado do hotel, comprei algumas coisas pra passar os dias, já que o hotel servia café, só almoçaria e jantaria fora, mas como tem frigobar e microondas no quarto, já ajuda. Avisei à Amanda que já me encontrava na cidade maravilhosa e nós marcamos de nos encontrar amanhã em um restaurante que fica à poucos minutos do ginásio. Passei o dia apenas descansando e deitada no quarto depois de almoçar e ir para orla de Copacabana, que é de longe uma das coisas mais lindas e que já vi. Voltei para o quarto de hotel para retocar minha chapinha e escova e descansar para os próximos dias.
* - - ☆ - - *
Acordei depois de uma boa noite de sono, já me preparando pra um dia cheio e agitado. Desci pra tomar um café leve no buffet do hotel, uma comida deliciosa. Voltei para o quarto para arrumar um look pro dia, confortável e estiloso, já que passaria o dia com ele e uma bolsa grande. O belo Rio de Janeiro parecia ter acordado de bom humor e resolveu mandar um dia ameno, até frio, o que me permetia usar um blazer, mas com uma regata de seda por baixo. Resolvo por uma calça social caqui e um cinto preto, combinando com a blusa, enquanto o blazer era um tom de cinza para complementar a calça. Coloquei meus bons e fiéis mocassim no pé para aguentar a andada do dia de hoje e terminei de fazer uma maquiagem leve e pentear meu cabelo, mesmo sabendo que vou prender ele depois. Me perfumei e peguei o que precisava pra sair.
Dirigir até o local foi com o trajeto mais pacífico possivel, e o mais belo também, já que a sombra do Cristo me seguia por boa parte do caminho. Liguei pra Amanda pra avisar que já estava chegando ao local, o caminho sendo mais rápido do que pensei, e a mesma me informou que já estava dentro do restaurante ao meu aguardo. Era um local a la carte, bem frequentado e bem ameno. Foi a comida mais deliciosa que comi em algum tempo. Pedi um fettuccine alfredo que vinha com iscas de carne, e de sobremesa a minha favorita, um petit gateau no ponto perfeito. Ficamos por ali, matando tempo até dar a hora de ir para o treino da seleção japonesa. Rever ela depois de tanto tempo é um afago no meu coração, por saber que sustentamos essa amizade por tanto tempo mesmo com a distância. Depois de nos despedir faltando meia hora pra começar tudo, fui atrás de um milkshake para saborear enquanto me acomodava dentro da arena e aproveitei pra comprar alguns chocolates.
Aos poucos, outras pessoas selecionadas iam chegando, quando adentrei a área de treinamento alguns staff's da seleção japonesa e alguns fãs já estavam por ali, tudo bem organizado, onde os fãs podiam ver o que estava acontecendo e os rapazes poderiam interagir com os fãs. Tinha uma espécie de guia com a gente, que falou como tudo iria acontecer, explicou sobre como teve a iniciativa para esses projetos de assistir o treinamento e todo o desenrolar da história. Ele era bem simpático, e novamente reforçou que devemos manter os celulares ou qualquer captor de imagem desligados, que eles seriam usados apenas no fim do treino para caso quiséssemos tirar foto com os jogadores. Esses que por sua vez, acabavam de entrar na quadra.
Ao todo devia ter cerca de 20 à 30 pessoas no local, me sentei afastada de algumas que tinham acompanhante para também manter minha privacidade. Em sua maioria eram mulheres e algumas crianças, que estavam acompanhadas dos responsáveis. Algumas ali disseram que não iriam ver o jogo da seleção no sábado, portanto tentaram vir assistir o treino, já que resolveram trocar. A primeira fileira, na qual eu estava, da arquibancada, era protegida por uma rede, acredito que para evitar as bolas de chegarem ao público, afinal, é uma força e velocidade muito grande, e pode machucar alguém.
Os meninos eram um amor, cumprimentaram todo mundo no seu campo de visão, o capitão, Yuki Ishikawa, agradeceu a presença de todos e pediu para que aproveitassem o treino junto deles. Deveria durar cerca de 2 à 3 horas. Longo e extenso, mas aparentemente necessário. Enquanto o treino rolava, tinha som ambiente com algumas músicas e todas bem animadas, pra deixar o ritmo lá em cima, o que fazia inclusive alguns dos meninos dançarem, o que tornava tudo ainda mais engraçado. Eles estavam à todo momento fazendo o pessoal rir e interagiam muito com todo mundo, até mesmo os mais tímidos como Miyaura. Os extrovertidos como Yamamoto ou Sekita nem se fala, estavam numa festa só. Era um deleite ver eles, mesmo que seja treinando. Tinham uma energia maravilhosa e muita determinação. Não estava vendo o tempo passar.
Ran P.O.V
O clima do Brasil estava quente, como sempre foi, mas agora já é mais fácil pra nós como time, nos acostumarmos ao local e a temperatura provida por ele. Nossas instalações e agora, até o ginásio, contam com ar-condicionados de última geração pra manter o clima estável e agradável. Estar no Rio é sempre uma delícia, a vista, as praias, as pessoas, tudo aqui é tão acolhedor que sinto vontade de nunca ir embora, e quero jogar o melhor que posso para deixar nossos apoiadores felizes. E falando neles, vamos conhecer alguns hoje.
A VNL está com uma nova jogada, de selecionar alguns fãs para verem um treino de cada uma das seleções presentes na competição. Eu achei a ideia incrível, criar laços com nossos admiradores sempre me deixa mais confiante pra jogar, pois sei que independente do resultado, eles vão apoiar a gente e nos motivar de volta. E a troca com o público brasileiro é sempre tão incrível que parece que eles são japoneses e estão super por dentro da partida. Quando o público de um jogo é caloroso, a nossa energia aumenta em 120%, e não importa qual seja o final, saímos sentido que demos tudo que tínhamos.
A partida-treino seria às 16Hs da tarde, um pouco antes disso o local estava sendo preparado para todo mundo. Não seria permitido filmar, nem fotagrafar enquanto estivesse ocorrendo o treino, mas depois poderiamos tirar foto e falar com todo mundo. Como seria no fim da tarde resolvemos levantar um pouco mais tarde, por volta das 11hs para comermos um café da manhã leve e se preparar pro almoço. Bom, todos menos Yuki, que seguia uma rotina fechada à anos, mesmo que não se importasse de sair dela vez ou outra. Ishikawa já estava de pé quando meu corredor de dormitório desceu. Dividia o quarto do Yamamoto, nosso líbero titular, e na mesma faixa tinha Otsuka e Onodera dividindo quarto.
"Eu não posso dizer o alívio que é não dividir o quarto com Yuki dessa vez...", Onodera começa, com um tom de brincadeira na voz fazendo questão que Yuki escute, "é tão bom não ter um despertador que ronca perto de você."
"Você fala como se fosse um poço de silêncio Taishi..." Otsuka comenta.
"Espero que queira continuar tendo cabelo Tatsunori, e se quiser é bom ter cuidado com essa língua." sabia que a intenção de Taishi era a mais ameaçadora possível, mas fazer isso com uma colher de chá, não dava.
Só conseguia assistir aquela cena toda e rir, até sentir meu celular vibrar no bolso. Tirei minha atenção dos dois trocando provocações e fui ver a mensagem que minha mãe tinha mandado.
"Oi RanRan, como você está meu amor? Mamãe vai chegar amanhã junto de seus irmãos, vamos tirar o dia pra descansar pra ver o seu jogo no sábado. Assim que chegarmos no aeroporto em Dubai mando mensagem novamente. Por favor, se alimente bem e descanse bastante. Te amo uma vida. Até mais!"
Sorri ao ver a mensagem. Minha mãe era a mulher mais incrível do mundo, e seria sortudo de encontrar alguém tão maravilhosa como ela. Ter o apoio dela e da minha família era essencial, e apreciava muito o esforço que ela fazia pra estar sempre perto, quando podia. E eu a amava demais por isso.
"Ih olha só, o que foi cara de coelho? Mensagem de alguma pretendente?" Yamamoto começou, já me fazendo revirar os olhos.
"Quem dera, esse coitado tá numa seca maior que o do deserto. Tenho até pena dele." Otsuka, de todas as pessoas, comentou.
"Olha só quem fala, o cara que tá encalhado à mais de 4 anos desde que terminou um rolinho com uma menina lá no Japão." devolvi afiado, cerrando meus olhos. "Não era nenhuma pretendente, apenas minha mãe, falando sobre vir para o jogo aqui. Vou aproveitar e preparar algo para fazermos depois do jogo."
"Faz tempo que não vemos Sayuri mesmo. Estou com saudades dos abraços dela." Yuki tinha falado pela primeira vez no dia, e junto com seu comentário, nosso almoço chegou.
"Ela está bem ocupada com a loja de departamentos lá em Tóquio, o que é ótimo já que ela queria tanto isso à muito tempo. Mas confesso que ter a presença dela pra esse jogo me deixa mais aliviado. Gosto quando ela comparece."
"Ela disse quando vai chegar?"
"Aparentemente na sexta, vai descansar pelo dia e nos encontraremos no sábado." senti meu telefone vibrar novamente enquanto eles continuavam falando da saudade que estavam da minha mãe. Um número desconhecido agora se fazia presente.
"Oi meu docinho. Estava com saudades de mim? Eu estava morrendo de saudades suas meu benzinho. Estou louca pra te encontrar de novo. Até logo lindinho, da sua amada Homohori! <3 "
Senti um choque e um gelo passar pela minha espinha, me arrepiando por inteiro, tanto que deixei o celular e o garfo caírem na mesa. A minha surpresa não se colocava em palavras, principalmente porque me rescusava à acreditar na cara de pau daquela garota que jurei ter me livrado. Os meninos viram pela minha expressão que devia estar carrancuda, que havia algo de errado, e ao invés de perguntarem foram logo ao indício do problema, meu celular.
"Ah nem vem, essa garota de novo? Meu Deus, ela não tem mais o que fazer não?" Otsuka perguntava tão irado quanto eu. Era muito próximo de todos do time e tínhamos uma relação ótima, mas eu e Tatsunori éramos amigos desde o colegial, crescemos juntos. E ele estava lá comigo quando tudo entre mim e Homohori desmoronou, por culpa dela.
"O que aconteceu?"
"Aquela sem noção da Homohori ta infernizando a vida do Ran de novo. Jurei que essa coisa tinha sumido de vez, mas ela sempre dá um jeito de voltar que nem um espírito obsessor. Ela errou e ainda se dá ao direito de querer estar certa. Uma cretina!"
"Ela teve coragem de te mandar mensagem Takahashi? Mas você não tinha bloqueado o número dela?" Yuki pergunta preocupado.
"Apaguei, bloqueei, fiz de tudo pra sumir com tudo dela da minha vida, mas ela sempre tenta reaparecer, como uma praga que me persegue. Sinto que nunca consigo ficar livre de vez dela, e não sei mais o que fazer." já podia sentir aquela história mexendo comigo de novo, depois de tudo que passei pra superar tudo que houve, e de como isso quase afetou minha carreira.
"Olha, não se preocupa com isso agora, tenta ignorar ela por enquanto, bloqueia ou silencia o número que ela te mandou mensagem e vamos focar em outras coisas. Temos um treino aberto à público hoje e vamos poder interagir com várias pessoas pra nos animar e você principalmente. Qualquer coisa a gente arruma até uma gatinha pra te desafogar dessa fossa." Yamamoto brincou, mas sabia que ele falava sério se pudesse.
"Eu vou passar a parte de arrumar uma 'gatinha' Tomo, não to nas melhores pra ficar com alguém com essa coisa na cabeça, mas agradeço a oferta." bati em seu ombro como gesto de agradecimento, "E tenho que lembrar que minha família está vindo pra me apoiar, e tenho vocês aqui, logo logo essa mensagem dela vai passar como um vulto por mim."
"É isso ai, esse é meu amigo, num dá palco nem atenção pra essa maluca não. Temos muito o que fazer pra ficar pensando nessa fracassada." ri do comentário que Tatsu fez, mas tinha verdade ali. Deixei meu término com ela me afetar demais, e não ia deixar ela fazer o mesmo depois de 2 anos que tudo acabou.
Terminamos de comer e fomos dar uma caminhada em volta do hotel que estávamos. O pessoal do Brasil é caloroso, mas ao mesmo tempo super respeitoso. Vêem a gente e mesmo ficando animados não surtam ou algo assim, gosto muito disso neles. Ficamos descando no hotel até dar a hora de irmos para o ginásio começar o treino. Nosso novo treinador era super divertido. Era americano, se chamava Michael Dessner. Treinou várias seleções por anos e em todas elas conseguiu títulos, olímpicos ou não, mas mantinhamos contato com Blain, já que era quase um pai pra gente.
Quando chegamos ao ginásio tudo estava equipado e pronto pra nos receber, e basicamente todos os fãs selecionados já estavam lá. Iríamos fazer nossa rotina de treinos de sempre, o que servia pra descontrair o clima. Dentro da quadra estava um clima agradável, meio gelado por conta dos ar-condicionados e todos os equipamentos estavam em ordem. Entramos e o público presente cumprimentou a gente. Yuki fez a introdução junto com o treinador de todos nós e nos dirigimos à começar o alongamento.
Tinha música ambiente e uma iluminação legal, um clima maravilhoso e me senti extremamente bem enquanto conversava com meus companheiros de time e falávamos com os fãs que conseguíamos ver uma vez ou outra. Fizemos uma rodinha para um alongamento em grupo, separando 6 para cada lado, para iniciarmos uma pequena partida de 3 sets. Do outro lado da rede enquanto trocava bola com Kento, vi o sorrisinho de Otsuka adentrar meu campo de visão, e lhe lancei um olhar confuso. Pedi licença para Miyaura e fui falar com ele, enquanto o moreno se revezava com Kai para os passes.
"O que foi? Que cara é essa?" perguntei enquanto limpava um pouco do meu suor na blusa.
"Do que você ta falando? Minha cara ta normal..." ele não conseguia nem mentir.
"Desembucha logo Tatsunori, a gente não tem o dia todo aqui." me apoiei na rede segurando entre os furos.
"Olha, não vem me matar por favor, nem querer falar nada, eu só to comentando contigo porque somos amigos e somente." meu olhar impaciente já devia ter sido uma deixa pra ele continuar, "Mas Ran... Tem uma gatinha aqui assistindo ao treino, que meu colega..." ele falava enquanto brincava de deslizar na rede, como se tivesse derretendo. Idiota.
"Ah fala sério né Otsuka, você tava com essa cara de pamonha por causa disso? Sempre tem garotas bonitas em treinos e jogos cara, você nunca percebeu? Faça-me o favor." falei já me virando pra voltar aos trabalhos.
"Eu sei disso seu imbecil, mas essa daqui ta de sacanagem. Inclusive deve ter muita menina por ai que a gente já pegou ou já viu que deve ser bem mais bonita que essa aqui, mas cara, to falando sério, tem uma coisa nela, que meu irmão..."
"É só mais uma garota bonita que veio assistir nossos jogos/treinos Tatsu." tentei dispensar ele de novo.
"Vai pensando isso, mas quando você olhar pra ela, você vai entender o que eu to falando." ele bateu o verso da mão no meu peito, pra chamar atenção.
"Então ta sabichão como ela é? Já que aqui tem várias pessoas juntas." ele estava na intenção de apontar a direção que ela estava, mas o técnico chamou a gente pra começar saque e recepção, e Tatsu só me deixou claro uma coisa.
"Ela está de óculos e cabelo solto. Com uma tatuagem no braço. Você vai saber." e foi embora pro seu lado da rede.
Até pensei em olhar em volta pra conferir o que Otsuka tinha dito, mas todo mundo já estava se posicionando para começar a primeira parte do treino, então resolvi ignorar. Por enquanto.
* - - ☆ - - *
A rodada de saques e recepções foi muito divertida, como sempre é quando jogamos juntos. Apesar de não estarem mais na seleção, jogadores como Kentaro, Yamauchi e Yuji, que está de férias enquanto aproveita o casamento com Sarina, sempre tentam comparecer quando dá, e hoje foi um desses dias. Ter eles por perto é tão bom e revigorante, sempre aumenta nossa energia. Nessa primeira parte do treinamento fizemos uma espécie de jogo, de um set apenas, para aumentar a produtividade do time. Mas assim que começamos a nos alongar pra começar uma partida mesmo, o organizador da VNL no Brasil e nossa comissão técnica entraram em quadra, aparentemente para dar um aviso.
"Olá pessoal, muito boa tarde para todos aqui presentes, é uma honra está dividindo esse momento com vocês, que são nossas primeiras experiências desse novo projeto que iremos levar pro mundo todo!" o público presente aplaudiu e alguns assoviaram.
"Bom, os meninos podem continuar se alongando que aqui a gente vai dar inicio à nossa segunda parte da dinâmica. E pra isso, eu gostaria de saber de vocês, quem aqui entende um pouco de vôlei?" Michael perguntou, enquanto continuávamos o alongamento, e algumas pessoas levantaram a mão. E fiquei intrigado pela pergunta, onde ele queria chegar?
Troquei olhares com o pessoal que estava do outro lado da rede, ambos tentando entender do que se tratava, mas aparentemente ninguém sabia.
"Bom, vamos fazer o seguinte, para não comprometer ninguém do time e deixar todos eles participarem da dinâmica do treino, a gente vai chamar alguns de vocês para fazerem a parte 'jurídica' do nosso jogo, que tal?" o misto de surpresa e confusão foi completo. Tantos os jogadores quanto os espectadores não sabiam reagir aquela informação, mas estávamos igualmente animados.
"Rapazes, terminem o alongamento, com calma, e nós dois vamos selecionar as 6 pessoas que vão participar da nossa dinâmica." concordamos e voltamos ao passos finais do alongamento.
Estava tão absorto com a notícia, falando com meus companheiros de time que mal consegui reparar quando Otsuka terminou de falar com nosso técnico, e assim que eles cessaram o assunto, seu olhar se voltou pra mim. Com um sorriso ladino e um piscar de olhos com as sobrancelhas arqueadas, se virou e me deixou indagando, o que ele tinha aprontado?
Melissa P.O.V
Eu queria fingir que o que acabei de escutar era mentira. Chamar pessoas, pra descer lá, e interagir de perto? Era mentira, invenção da minha cabeça. Só podia ser! Desde que eles entraram em quadra a atmosfera estava radiante, e ver eles jogando e se divertindo era um acalento no coração. Achei muito fofo que Otsuka estava sempre interagindo com o local que eu estava, e o pessoal que estava perto de mim adorava, e eu também. Ele era muito simpático, e mesmo de longe, tentava falar com a gente. E isso para todos do time, que desde que chegaram era uma atenção super dividida para todo mundo se sentir incluído. Mas isso?! Isso era mais do que qualquer coisa que já pensei que fosse ocorrer hoje. E não digo isso no sentido de que sei que vou ser escolhida ou qualquer coisa, mas pra qualquer um aqui presente, e caso seja verdade o que o diretor da VNL falou, que isso irá acontecer em todo treino com público, é uma oportunidade única.
Era um turbilhão de coisas que passava pela minha mente, tanto que minha cabeça ja começava a doer. Estava tão absorta dentro de mim que mal senti quando estavam me cutucando e chamando minha atenção.
"O que houve?" perguntei tanto me situar novamente no que estava acontecendo.
"Olha lá, estão apontando pra você e te chamando! Acho que é pra você acompanhar quem vai participar do treino! Vai lá!" uma moça de cabelos ruivos e cacheados ao meu lado comentou.
Comentou e eu não acreditei, porque me esforcei pra não entender, pois não podia ser verdade.
Mas quando olhei para mais baixo de onde eu me encontrava, vi o técnico da seleção japonesa, e o diretor da VNL, com mais 5 pessoas ao seu redor, 3 homens e 2 mulheres, e aparentemente, faltava a sexta, que seria eu. Tentei acalmar meu coração enquanto colocava meu blazer e subia um pouco a manga e prendia meu cabelo em um rabo alto de cavalo. E comecei a aspirar dentro da minha mente, não estava com roupa apropriada pra fazer nenhum tipo de exercício, e mesmo que estivesse, eu não sei dar um passo em direção à bola! Tudo que sei de vôlei é tecnicamente falando!
Um calor desconhecido se dissipava em mim, se espalhando por todo meu corpo, tentei manter a compostura o máximo possível quando cheguei perto dos homens de alto escalão na minha frente. Fui o mais educada possível com todos, inclusive o pessoal que estava lá, que era mais fácil de se comunicar pois todo mundo falava português. Eles nos guiaram para dentro da quadra e o ar parecia mudar drasticamente. O cheiro de gelol e salompas invadia tudo, era um pouco mais quente por conta dos corpos suados que estavam por ali. E olha, não querendo ser essa pessoa mas que corpos... Era bem óbvio que eles eram mais altos que eu, mesmo não sendo tão baixa com meus 1,75cm, mas ali era bem mais diferente.
Eles pareciam maiores, mais altos, mais largos, mais fortes, e bem mais bonitos e simpáticos de perto. Por engrenagem do destino ou não, Otsuka foi o primeiro a me cumprimentar com um tchauzinho, não conseguia acreditar que ele me reconheceu, e devolvi com um sorriso singelo. Passando meus olhos por todos os jogadores via o quão irreal era estar ali. Até os chefes voltarem a falar.
"Bom pessoal, primeira pergunta, todos aqui entendem inglês? Acredito que seja a língua mais fácil de comunicar com todos aqui." eu e dois rapazes assentimos, os outros três ficaram receosos mas disseram que o básico entendiam.
"Bom, qualquer coisa a gente pode ajudar. Eu sei um pouco de japonês, então posso tentar intermediar um todo." um rapaz comentou e todos concordamos.
"Bom, se apresentem todos pra gente explicar como vai funcionar tudo. Digam nome e idade por favor!" da esquerda pra direita, onde eu estava, começou.
"Olá pessoal, me chamo Fernando e tenho 26 anos!" um rapaz moreno, de estatura média, se apresentou primeiro.
"Oi! Me chamo Alice, tenho 17 anos!" uma garota de óculos, baixinha e de cabelos crespos presos falou agora.
"Oi gente, prazer, meu nome é Marcos e eu tenho 30 anos!" ele tinha barba, com olhos claros e também usava óculos.
"Olá! Eu sou a Vanessa, tenho 27 anos de idade!" uma morena, alta, de cabelo curto falou dessa vez.
"Oi gente, tudo bem? Me chamo Nicolas e tenho 25 anos!" o rapaz do meu lado falou, tinha cabelos castanhos claros e era um pouco mais alto que eu, tinha olhos verdes, bem bonitos. E ai chegou minha vez.
"Olá meninos, boa tarde! Me chamo Melissa e eu tenho 23 anos. É um prazer conhecer vocês." minhas mãos suavam enquanto eu falava, mas me aliviei por conseguir dizer o que queria. Todos nos cumprimentaram se curvando um pouco e o diretor da VNL voltou à falar.
"Bom, a dinâmica vai funcionar da seguinte forma: os meninos vão se dividir em dois times de seis com um reserva para entrar, jogaremos 3 sets, mas se algum fizer 2x0 primeiro, acaba. Vou precisar de duas pessoas para ficar no placar, para mudar os pontos de cada um dos times, dois para ficarem em um lado da quadra com as bandeiras pra conferir a trajetória da bola, assim como nos jogos profissionais. E mais dois para serem os juízes que vão apitar a partida. Um no chão perto da rede, e outro acima da antena. Tudo bem?" era bastante informação, mas dava certo para se organizar.
Eu e Nicolas iríamos ser os juízes (depois de muita discussão), Alice e Vanessa iriam ficar no placar e Marcos e Fernando com as bandeiras. Agora seria ver quem iria ficar na antena, e na rede. Yuki se aproximou de onde a gente estava para saber como estava o andamento, e como capitão e um dos melhores ponteiros do mundo, ele tinha uma presença exuberante e muito marcante. Me senti um pouco intimidada com o tamanho dele, ele era ainda maior pessoalmente, e bem bonito também. E percebi atrás dele, outra presença também vindo em nossa direção. Ran. Senti minha respiração falhar. Minhas mãos voltarem a suar. Um calor passa pelo meu corpo. E meu Deus... Como ele era bonito.
"Olá pessoal como estão? É um prazer conhecer vocês, eu sou o Yuki, capitão do time, e esse aqui é o Ran, nosso ponteiro. Estamos por aqui pra saber sobre os juízes, quem ficará em cada posição." ele tinha uma voz solene, mas firme. Exalava confiança ao falar. Típico de um capitão.
"Olá Ishikawa, bom, nesse caso eu gostaria de falar com vocês sobre isso. Mesmo que isso não interfira em nada, quem dos dois sabe mais de vôlei, num contexto geral?" Eu e Nicolas nos entreolhamos
"Eu sei basicamente o que vejo na TV, acompanho em Olimpíadas e coisas assim. Nunca tive contato muito próximo com o esporte, apesar de gostar muito. Sei o básico das regras." ele admitiu, e eu assenti da mesma forma.
"Aqui é do mesmo jeito. Assisto vôlei desde muito nova, sempre fui influenciada pela minha mãe, mas sou péssima jogando, a bola simplesmente me odeia. E assim como Nicolas, eu sei o básico, mas até que entendo bem as regras. Sobre toques, conduções, etc."
"Bom, não será um jogo sério nem uma final pra vocês apitarem, então podem ficar tranquilos." rimos um pouco pelo tom de voz de Yuki. "O que teremos aqui mesmo é só pro básico do vôlei, toques não permitidos, toque na rede, toque de bloqueio. A parte de invasão de linha ou de quadra, até mesmo toque na antena vocês não tem que se preocupar. Aqui é o puro suco mesmo, apenas um treino! Então fiquem à vontade." ele falou enquanto tocava em nossos ombros, como uma forma de assegurar que não precisava de tanta formalidade e regras, e Nicolas completou.
"Bom então sendo assim, fazendo meu papel de cavalheiro, deixarei com que Melissa seja a primeira árbitra para o jogo." disse sorrindo pra mim. Yuki concordou e o diretor também, então tudo foi se aprontando.
Me entregaram os cartões e o apito, informaram apenas do tempo para saque e como funcionava a parte de gesticular com os braços. Ouvia tudo com muita atenção, pois não queria passar muita vergonha. Enquanto organizava tudo que precisava e repassava o que tinha que fazer ao decorrer da partida, e esperava pra subir na pequena cabine, senti uma mão encostar no meu ombro. Assim como senti o ar ser roubado dos meus pulmões quando virei. Ran estava ali. Na minha frente.
"Oi! Sou o Ran, muito prazer!" me apresentei novamente, só por educação, mesmo querendo dizer que obviamente sabia quem ele era. "Olha, só queria te dizer que não precisa ficar muito tensa pra apitar o jogo, qualquer coisa pode pedir ajuda aos nossos técnicos ou coisa parecida, até mesmo a gente! Vamos estar aqui pra o que você precisar." ele falava com um sorriso encantador adornando sua voz doce e melodiosa. Tinha um tom grave no fundo, e seu inglês era muito bem pronunciado, mesmo com o sotaque tão forte, o que deixava ainda mais fofo.
"Ai muito obrigada Ran. Já estou pensando aqui nas mil formas em que vou apitar esse apito forte demais, ou tão fraco que vai sair só o vento! Então caso eu atrase o jogo mais do que o normal, e me distraia muito vendo a partida, já peço mil desculpas de antemão!" por mais que a cor da minha pele não permitisse tanto, eu conseguia sentir minhas bochechas ficarem vermelhas, pelo nervosismo e pela forma que ele olhava pra mim enquanto eu falava.
"Te prometo que o que aconteça vai passar rápido que muita gente nem vai notar. Eu mesmo já fiquei tão nervoso na primeira vez que participei de um torneio que meus saques iam todos pra fora ou na rede. Chegava minha hora de sacar e eu pensava que era só mais uma vergonha pra passar. Então não precisa sentir esse tipo de pressão aqui. É só uma partida divertida pra nós, e queremos que seja pra vocês também." sua mão deslizava em meu braço, subindo e descendo de uma forma suave pra me acalmar, o que ajudou bastante, mesmo que meu nervosismo agora seja somente por ele estar tão perto.
"Muito obrigada senhor 'erra saques por estar nervoso', vou guardar sua experiência no coração pra não deixar nada me abalar daqui pra frente!" ele riu um pouco do apelido e me aliviei, pensei ter passado do ponto.
"Muito bem, isso mesmo! Bom Melissa, eu tenho que voltar pra gente dar início à partida. Fica calma e se divirta! Espero te ver de novo." senti que meu mundo ia parar quando ele piscou leve pra mim e saiu andando. O chamei uma última vez antes de começar a partida e cada um ir pros seus postos.
"Ran! Obrigada novamente, e se divirta também, pra não errar nenhum saque pelo meu nervosismo." ri um pouco ao ver ele sorrir do comentário e me virei, pronta para começar a apitar.
A cabine do juíz que fica perto de uma das antenas, onde eu iria me localizar, era bem mais alta do que eu achei, e bem menor, mas ao menos tem como ficar sentada. Só de pensar ver aquela bola voando pra lá e pra cá na minha cara, só ia facilitar minha tontura, que já se fazia presente. Era realmente bem mais alto do que achei. Perguntei se poderia ficar sentada, pois a altura estava me assustando um pouco e tive o aval positivo, Nicolas iria me ajudar nessa parte. Todo mundo estava em seus devidos lugares, posicionados de forma espalhada e visível. Confirmei com o pessoal, e comecei à apitar pela primeira vez, um jogo que tinha tudo pra ser o momento da minha vida.
* - - ☆ - - *
Ran P.O.V
Eu sentia que estavam pregando uma peça em mim, uma que o Otsuka tinha mão, mas não tinha como confirmar. Sentia meu corpo vibrar, meus pelos estavam em pé e meus sentidos aguçados. Queria ser cético o bastante pra acreditar que não era por causa da presença dela, mas eu estaria mentindo. Quando os participantes estavam sendo escolhidos e vi ela levantar, percebi a mão de Tatsunori acenar pra mim e ai percebi, era dela que ele estava falando. E meu Deus... Ele tinha muita razão. Ela era linda, a pele dela com uma cor de chocolate ao leite, um estilo bonito, cabelos brilhosos, e por favor, que sorriso ela tinha. Mas era mais que isso, pode parecer uma bobagem enorme, mas eu conseguia ver claramente, tinha uma aura nela que parecia transbordar, brilhante e aconchegante, me senti puxado pra ela assim que adentrou a quadra, e foi quando dei a desculpa de seguir Yuki depois da apresentação de cada um.
Ela seria a primeira árbitra do nosso jogo, apenas de forma figurativa por assim dizer, já que era apenas um treino e não precisava de mil regras, só as básicas de toques. Enquanto ela aprendia um pouco mais do que fazer, senti Tatsu se aproximar de mim, com um sorriso ladino no rosto.
"Você acredita em mim agora? Já que viu tão de perto como assistente do capitão não é?" se apoiou com o braço no meu ombro enquanto eu tentava, discretamente, olhar pra ela que estava de costas.
"Você é um idiota Tatsunori, por favor. Eu fui dar as boas vindas à eles, só isso." mas eu também não conseguia nem mentir né?
"Ah por favor Takahashi, não se faça. Você nem falou com nenhum deles e vem com essa pra cima de mim."
"E você pode falar o que? O que você falou pro diretor da VNL antes de chamarem o pessoal? Isso tem dedo seu, que eu sei!"
"Eu fui avisar à ele sobre ela, qual o problema? É crime agora? Disse que ela era uma fã que a gente já conhecia antes e queríamos dar essa experiência pra ela." a cara de inocente dele era um deleite.
"Mas você é um mentiroso né?" cruzei os braços como se fosse dar uma bronca.
"Ah por favor, fala isso como se não tivesse me agradecendo por dentro. Ou você acha que eu não vi a cara que você botou depois que ela chegou? Caidinho você tá. Só tem que ter coragem agora pra falar com ela, e sugiro que faça logo e aproveite que ela ta sozinha." ele me deu um último tapinha no ombro e eu fui, afinal, não tinha nada à perder.
Sua presença era ainda mais quente e brilhante quando estava perto, me sentia atraído por ela, de todos os modos possíveis. Quanto mais me aproximava, mais eu queria ficar por perto, perto dela, junto ali. E quando falamos um com o outro, ela falava tão bem, uma voz tao bonita, diferente das que eu já tinha escutado. Os olhos escuros tinham estrelas dentro deles. Me sentia hipnotizado, por eles, pela risada, pelo sorriso, por ela. E quanto tempo eu não me sentia assim.
Não consigo crer que estava passando por isso nessa altura do campeonato. Eu tendo um monte de coisa pra focar, acabei de me livrar de um relacionamento ruim que tive, não posso ver isso acontecendo de novo. E aí sou só eu sendo emocionado mesmo, problema meu. Mas não vou negar que dei 120% do meu melhor hoje, mesmo sendo treino, pra impressionar ela. E vou checar se funcionou depois. Ela parecia estar tendo o momento da vida dela, se divertindo horrores, e marcava muito bem, sempre muito atenta ao jogo, quando precisava pedia ajuda ao outro árbitro que estava na rede, e assim o jogo seguia. Todo mundo estava aproveitando muito, o que só melhorava ainda mais o clima. Depois de uma vitória apertada de 2x1 pro meu time (comigo sendo o maior pontuador, pura sorte), fomos fazer o alongamento final e terminar o treino.
Todos os participantes foram se desfazer dos objetos que portavam, ela estava com um pouco de medo de descer da cabine e quase fui lá ajudar, mas fui puxado e não tive como. O tempo todo o meu olhar voltava pra ela, era inevitável, não conseguia impedir (e sendo bem sincero, não queria). Enquanto terminávamos de nos alongar, os 6 participantes e o resto do pessoal permanecia no local, para podermos falar com todo mundo e tirar foto com quem quisesse. Fui secar um pouco do suor e tomar água, percebi ela um pouco afastada de todo mundo, apenas olhando em volta, e me senti tentado à ir falar com ela novamente. Não ia perder essa chance.
"Tá se escondendo por aqui?" cheguei ainda com a toalha nos ombros e a garrafa que prontamente ofereci à ela, que recusou mas agradeceu.
"Acho que não consegui não é? Conseguiram me achar..." sua risadinha quase me desmontou, mas continuei firme.
"Sendo bem sincero, é difícil te perder de vista viu? E ai juíza, como está se sentindo depois de apitar uma partida super intensa?" tentei brincar pra descontrair mais o clima e puxar mais assunto com ela.
"Olha, foi uma honra! Nunca pensei que veria atletas de nível mundial jogarem na frente dos meus olhos assim, e que iria apitar pra eles errarem tantos saques. Surpresas da vida sabe?" entendi a piadinha e não pude evitar rir. Sinto que seria algo interno entre a gente agora.
"Mas de verdade Takahashi, vocês jogaram super bem, mesmo pra um treino. Uma qualidade absurda em todos os passes e toques. E você senhor maior pontuador da partida, jogou muito bem!" senti minhas bochechas esquentarem pelo elogio, mas fingi ser pelo calor da partida.
"Nossa, é uma honra receber um elogio desse da melhor juíza que já apitou alguma partida minha. De verdade não sei nem o que dizer!" me encostei na parede perto dela, pra mostrar o quão confortável estava com a nossa conversa. "Mas brincadeiras à parte, obrigada. Espero que eu tenha atingido suas expectativas e que você tenha se divertido muito hoje."
"Você não faz ideia Ran. Isso tudo aqui é muito irreal pra mim. Primeiro o fato de ter sido selecionada pra estar aqui no treino, e depois ser chamada pra estar dentro da quadra com vocês? Isso é incrível em vários níveis, vou lembrar disso aqui pro resto da vida, da melhor forma possível." à cada palavra dada o olho dela brilhava mais, e meu coração batia na mesma intensidade.
"Isso é tão bom de ouvir, você não faz ideia. Nosso maior objetivo é fazer esse esporte ser acessível e amado por muitas pessoas, não importa a razão, pelo visto aqui, ele só vai ser ainda mais amado por você, com várias lembranças boas certo?"
"Certíssimo. Nem nos meus sonhos mais loucos eu poderia imaginar o que aconteceu aqui hoje. Não acho que nada vá ser capaz de apagar da minha mente." sentia como se fôssemos cúmplices um do outro. Eu por ter ajudado isso acontecer, e ela por me sentir como se um vulcão estivesse pronto pra explodir em mim.
Nossa conversa continuou por mais um pouco, ela falando sobre como teve o vôlei na vida dela, e eu me mostrava o mais interessado possível, pois estava mesmo. A gente fluía tão bem junto que o tempo parecia parado somente com nós naquele momento. Fomos interrompidos apenas por Sekita, que veio informar que tínhamos que terminar de preparar tudo pra falar com todo mundo.
"Bom, acho que tenho que te liberar agora bom senhor. Foi um prazer falar com você!" o senso de humor dela era realmente algo que me encantava sem esforço. Ela se virou pra ir e senti que precisava falar mais com ela, ter algo pra guardar. Pensaria nisso antes dela ir embora.
Quando voltei pra perto de todo mundo foi uma chuva de perguntas pra mim, infelizmente não fui tão discreto como pensei, mas não que me importasse, não costumo esconder nada deles de qualquer forma, então segui a vida. Todo mundo se enxugou, pra não falar com o pessoal molhado com o suor, e passamos um pouco de desodorante e tudo mais, além de trocar de blusa, e saímos pra falar com todo mundo. Os primeiros foram os 6 que estavam dentro da quadra ainda, o que já me alegrou, e fui direto pra ela.
"Uau quanto tempo! Achei que não fosse mais te ver." decidi voltar brincando um pouco com ela, ja que dessa vez nosso encontro seria menor.
"Você é sempre dramático assim ou fez curso? Já está com abstinência de mim? Olha lá hein Takahashi..." rimos em conjunto, a leveza era certa quando estávamos próximos.
"Como poderei sobreviver nesse mundo frio e vazio sem a melhor juíza desse mundo, avaliando as partidas que jogo com seus olhos ultra treinados? Não posso!"
"Bom pra sua sorte eu estarei sempre de olho no seu nervosismo para evitar o erro de saques o máximo que puder senhor!" fez uma brincadeira de continência com a mão e soltei uma gargalhada.
"Por falar em assistir, vai nos ver no sábado?"
"Mas é claro! Não perderia esse jogo por nada no mundo. E pode ficar tranquilo que estarei com minha torcida interna pronta pra vocês." bom, depois de ouvir isso e me dar certeza, resolvi agir de maneira sutil, após perceber que estava na hora de falar com o resto do pessoal.
"Bom, que ótimo então, sei que com uma espectadora fiel e competente a gente pode contar. E pra testar nossa sorte, você me devolve isso no final da partida, depois da nossa vitória está bem?" coloquei meu colar discretamente dentro de sua mão, dei um leve apertão e sai, com as bochechas queimando, para falar com quem faltava.
De canto de olho vi ela abrir a mão e arregalar os olhos surpresas, mas depois de um tempo pensando um pouco, resolveu guardar no bolso interno do blazer, me aliviei. Pelo menos é uma certeza de que verei ela de novo, e se não, ela me terá consigo por muito tempo. Nos juntamos todos, time, comissão técnica, participantes e diretores para tirar uma foto em conjunto, e depois, iriamos para individuais e autógrafos com o público geral, porém antes de sair senti uma mão deslizar da metade das minhas costas até meu ombro, e arrepiei. Quando me virei, a vi na minha frente, enquanto ela se posicionava pra sair do ginásio. Mas não antes de me dizer.
"Vou fazer questão de usá-lo sábado, pra testar a sorte desse amuleto mesmo. E devolverei ele para o dono com mais uma vitória conquistada. Tenha um bom jogo no sábado Ran, aproveita. Até mais." e assim como chegou ela foi embora.
Vi todo o percurso que ela fez até sua carteira para pegar a bolsa e colocar o colar em volta do pescoço, e automaticamente senti um arrepio no meu. Ainda tentava processar tudo que aconteceu no dia de hoje, esse encontro repentino, todas as nossas conversas, nossos olhares. Quero vê-la de novo. O mais rápido possível.
* - - ☆ No sábado ☆ - - *
P.O.V
Depois de tantas emoções nos último dias, sábado finalmente tinha chegado para Melissa e Ran. Depois de voltar para seu quarto de hotel na quinta feira, a garota ficou repassando todos os acontecidos na mente, com um sorriso incrédulo no rosto, contando os segundos para rever o jogador. E nos dormitórios isso acontecia também com o rapaz, que falava por horas à fio sobre isso como Yamamoto e Nishida, que havia acabado de pousar na cidade maravilhosa com sua esposa Sarina. Ambos estão tirando um tempo dos esportes para dar início à sua família, e sempre que podem, mostram apoio à seleção de vôlei. Yuji escutava encantado sobre o encontro repentino que Takahashi teve com a moça, feliz por ver seu irmão mais novo desse jeito mais uma vez. O relacionamento dele com Kiumi não acabou da melhor forma, e deixou uma marca grande no rapaz, então realmente era ótimo ver os olhos brilhantes dele.
A conversa dos três perdurou por mais algum tempo, e ajudou o tempo passar até chegar sábado. Na sexta de manhã, Melissa e Amanda se reencontraram pra refazer o mesmo percurso da quinta antes de irem pro jogo da seleção brasileira, que diga-se de passagem, foi um jogo e tanto. Brasil venceu a seleção cubana por 3x1, um jogo com sets apertados e muito vibrantes, e ao sair do ginásio, veio novamente os batimentos fortes no peito pela ansiedade do dia seguinte. Quando sábado chegou, ela tentou fazer as coisas de modo mais leve possível. Dormiu bem, levantou cedo pra tomar um banho completo. Resolveu lavar o cabelo e deixar ele ao natural, com seu cachos bem soltos. Se perfumou bem e foi se aprontar. Com uma maquiagem simples, fez questão da primeira peça ser o colar que o garoto tinha oferecido como um amuleto. De forma descontraída, colocou uma blusa de 'Haikyuu!' um anime de vôlei japonês, uma saia jeans que batia na metade de suas coxas e uma bota média preta. Terminou de colocar tudo que precisava e saiu para comer algo leve. Falou com Amanda no telefone pra saber se ela conseguiria assistir o jogo também, mas a resposta foi negativa, seria só ela dentro do Maracanãzinho.
Já se encontrava uma movimentação relativamente grande por perto do estádio, comprou algumas guloseimas e sucos dentro do local e se dirigiu à sua cadeira. Ficava na primeira fileira da parte superior da quadra, onde ficava por trás da rede. Ao chegar e se posicionar no seu acento, os jogadores de ambas as seleções já estavam se aquecendo, com música e luzes ambientes pra preparar o clima. Tinha algumas pessoas atrás e poucas outras espalhadas ao seu redor, mas entre sua cadeira e mais duas ao seu lado, estava sozinha, o que achou ótimo. Assim que se acomodou de forma confortável na cadeira, passou o olhar pela quadra, tentando localizar um certo rapaz de cabelos castanhos avermelhados e com o número 12 nas costas. Onde se localizava tinha total visão das duas partes da quadra e dos jogadores. À sua frente a seleção japonesa se localizava e interagia com alguns fãs vez ou outra. Takahashi chegava perto de onde ele conseguiria ver ela mas ainda tentava procurar a mesma de forma discreta. Infelizmente esqueceu de pedir algum tipo de contato móvel com a jovem antes de se despedirem e não sabia por onde ela estaria no jogo.
Mas a sua intuição não falhava, enquanto falava com Kai e os dois alongavam em sintonia, sentiu sua nuca queimar, e levou seu olhar pra trás de forma ágil. Varreu todas as cadeiras com seu olhar, até que seus olhos pararam nos dela, de forma certeira. Sentiu um pouco confuso pela repentina mudança visual que o cabelo cacheado proporcionava à ela, mas conseguiu ficar ainda mais linda na sua visão. Enquanto tentava não chamar atenção dos espectadores, mantinha o olhar preso nela e passando pela área que estava, acenando para o pessoal. Melissa para confirmar que estava mesmo ali, pegou o pingente comprido do colar e colocou pra fora da blusa, balançando um pouco a barrinha prateada. Ao perceber o movimento, Ran abriu um dos sorrisos mais lindos que a moça já tinha visto em muito tempo, mas como não podia dar muita pinta de nada, resolvou desviar o olhar dele e se concentrar em outra coisa no momento, já que não queria levantar suspeita. E agora que ele sabe que ela realmente está lá, com seu colar, como prometido, o alívio percorreu seu corpo. É, seria um bom jogo.
Ran P.O.V
Jogar contra o Canadá era sempre eletrizante. São oponentes fortes e teimosos, era sempre bom ficar atento e focado 100% no jogo contra eles. Mas admito que meu foco hoje estava com 5% à menos do que o esperado, afinal, uma bela moça de olhos castanhos me encarava ferozmente. Minha mãe e meus irmãos haviam me encontrado antes de sair do nosso dormitório, falaram com todo mundo do time, e me disseram onde estariam vendo o jogo. O que me surpreendeu foi ver que eles estavam perto de Melissa, o que ela aparentemente não notou. Mas eu sim notei, o quão linda ela estava. O cabelo cacheado dava um ar despojado e mais jovial para ela, e seus olhos pareciam brilhar como holofotes. Quando vi ela levantar o colar, senti o ar prender nos meus pulmões e não consegui esconder meu sorriso, ela realmente estava ali.
Enquanto eu e Kai revezamos entres os passes no aquecimento, tentei pensar num jeito pra avisar alguém da comissão técnica pra chamar ela logo após o fim da partida para o vestiário, afirmando que ela estava comigo. Sempre que falava com alguém da minha família, ou com os fãs que estavam por ali, tirava uma casquinha pra olhar pra ela, e falar também. Me sentia fascinado, num transe, emaranhado nela. Foi chegando a hora da partida começar e resolvemos nos posicionar, com uma última olhada pra ela, vi que sua mão se encontrava sobre meu colar, como se estivesse me mandando forças, e foi o que fiz. Entrei com tudo na partida, determinado à acertar todos os saques, ataques, bloqueios e recepções. Meu sentido de jogo estava aguçado, conseguia perceber tudo ao meu redor com maestria, e meus colegas de time também perceberam isso.
Me senti voar durante a partida, dando meu melhor, colocava todas as minhas cartas na mesa, vibrava a cada ataque que a bola caia no chão. Tinha uma força surreal me envolvendo, e iria aproveitar cada momento dela. Sentia meu corpo queimar, tremer, o vulcão que estava em mim, chacoalhando pra entrar em erupção, e eu queria soltar tudo que podia. E foi nesse ritmo, que batemos o Canadá por 3x0, com uma pontuação bem grande de diferença entre os sets. Mais do que nunca me senti invencível hoje. Comemoramos um pouco por ali, acenei pra minha família mas me preocupei pois não vi Melissa onde originalmente ela estaria, mas não tive tempo de pensar sobre isso pois fui puxado pelo resto do pessoal pra voltar as comemorações.
Elas seguiram até chegar no vestiário, já havia descido os manguitos que estavam grudados no meu corpo, já que estava molhado com o suor, e lá encontramos Yuji e Sarina prontos para nos felicitar pelo jogo. Minutos depois, minha família apareceu e a festa recomeçou. Todos sentiam muita falta da minha mãe, e ela adorava todos eles. No meio de tanta celebração, acabei voltando minha atenção para uma certa pessoa que gostaria de ver, e como se o universo tivesse me ouvido, batidas foram desferidas na porta e um dos nossos técnicos abriu a porta.
"Oi galera, perdão interromper a festa mas Ran, tem alguém aqui querendo falar com você." Narita deu espaço para Melissa entrar no meu campo de visão.
"Oi campeão." foi a primeira coisa que ela disse antes de eu correr em sua direção e a envolver em meus braços. Não me importava com quem estava assistindo aquele momento entre nós dois, pela primeira vez eu abracei ela, e não queria soltar de forma alguma. O encaixe era perfeito, único, certo. Me senti acolhido ali, e queria aproveitar cada momento.
"Você veio gatinha. Não sabe o alívio que foi te ver na arquibancada."
"Bom, eu tinha algo comigo que precisava voltar pro dono não é? E falando nisso, deixe-me devolver." ela foi abrir o fecho do colar, mas uma voz atrás interrompeu.
"E aí Takahashi, não vai apresentar pra gente?" Yuji comentou.
"Nós conhecemos ela já, mas é bom vê-la novamente." Yuki afirmou, e eu concordei. Ela estava meio perdida pois parecia não entender o que estava sendo falado, mas cumprimentou todos mesmo assim.
"Olá meninos, parabéns pela partida! Foi um jogo incrível, vocês estavam ótimos! É um prazer rever vocês." ela se apresentou novamente para todos e falou com os que não tinha visto na quinta, e enquanto ela fazia, senti uma mão tocar minhas costas.
"Que surpresa boa filho, é amiga sua?" minha mãe perguntava cordialmente.
"Não mãe, bom, ainda não acredito eu."
"Essa é a garota que você falou comigo esses dias?" Rui era meu confidente principal, éramos carne e unha, e quando todo aquele turbilhão de coisas aconteceu, ele foi a primeira pessoa que eu pensei em dividir.
"É ela mesma. Achei que não ia conseguir ver ela hoje mas ainda bem que deu tudo certo no fim."
"Ela parece ser uma garota muito doce filho, e é muito bonita também."
"Você não faz ideia mãe, eu vou te contar tudo mais tarde, eu prometo, mas eu queria tentar falar com ela, à sós." tentei fazer minha melhor cara de coitado pra ter a ajuda deles, e minha mãe entendeu o recado.
"Rapazes, com licença interromper vocês aqui, olá minha querida, muito prazer. Me chamo Sayuri e sou a mãe do Ran." Melissa acenou com a cabeça, devolvendo a cortesia da minha mãe. "Vamos todo mundo se organizar, que eu vou levar todos pra comerem algo bem gostoso como recompensa pelo jogo. Vamos, vamos. Deixem a pobre moça respirar." enquanto minha mãe ia pra cima do pessoal para deixar Melissa livre, encontrei o pulso dela e a puxei pra um local mais livre, pra enfim conseguir ter um momento à sós.
"Ran calma, eu não pude me despedir deles!"
"Não precisa de despedir, você não vai embora ainda. Só queria falar com você à sós." nos posicionei em uma sacada que tinha saindo do vestiário, com uma vista espetacular.
"Bom, aqui estamos, o que deseja?" você. Pensei de imediato mas não pude dizer, só com o pensamento fiquei vermelho com aquilo.
"Só aproveitar um pouco de tempo com você. Saber o que achou do jogo, se estava torcendo pra gente. Esse tipo de coisa." seu tom era leve, brincalhão, e senti meu peito aquecer.
"Olha, o jogo mesmo foi impressionante, agora torcer por vocês..." sua mão foi de encontro com o colar, com um sorriso ladino enquanto olhava pra baixo. Ela queria me provocar? Se era a intenção, conseguiu. Olhei incrédulo pra ela que riu da situação e continuou. "É óbvio que eu estava torcendo por vocês seu bobo. Vocês jogaram como nunca vi antes. E você hein? Maior pontuador do jogo. Estava inspirado pelo visto."
"Você não faz ideia..." acho que ela notou pelo meu tom de voz a minha intenção, e apenas desviou o olhar com vergonha.
"Espero que essa inspiração perdure até o fim do campeonato pra ter mais uma medalha no pescoço. Mas já que a medalha ainda não veio, bota esse aqui que tem mais uma vitória acumulada." ela abriu o colar e foi em direção ao meu pescoço.
Abaixei um pouco pra ficar mais fácil dela achar o encaixe, nesse meio tempo a respiração quente dela batia no meu ouvido e me fazia arrepiar. Quanto terminou, ajeitou o pingente no meu peito e olhou pra mim. "Prontinho, de volta à seu verdadeiro dono."
"Apesar de que ficou ótimo em você. Poderia ficar com ele se quiser, me devolveria numa próxima." me aproximei dela da forma mais sutil que pude, colocando minha mão em seu braço.
"Não venha com ideias mirabolantes senhor Takahashi. Isso vai ficar com você somente. Não preciso de um colar pra me lembrar de você. Te ver jogar já é o suficiente pra me lembrar, não se preocupe."
"Seria tão ruim eu querer te dar algo pra se lembrar de mim e das vezes que a gente se viu?"
"Jamais! Mas algo simbólico também serve. Esse momento por exemplo, e todos que tivemos até aqui, vão ficar na minha cabeça pra sempre."
"Então tenho outra proposta, para ajudar esses momentos a ficarem frescos na sua memória, vamos nos manter em contato. Você me passa seu número ou alguma rede social sua e sempre que precisar refrescar sua memória dos momentos que a gente teve, é só mandar mensagem, que tal?" estendi meu celular pra ela que prontamente colocou seu número e uma rede sua, guardei novamente já esperando o momento de contatá-la.
"Feito, agora você já tem algo à mais pra se recordar quando estiver longe. Algo mais?"
"Na verdade, sim. Tem algo mais." respirei fundo antes de dar os próximos passos.
Pela proximidade que estávamos não era difícil por minha mão em sua nuca, e a puxar para mais perto de mim. Quase que instintivamente, suas mãos foram pros meus ombros. Estávamos dançando mesmo sem a música começar, ela sabia de cada passo que eu ia dar, e eu sabia como guiá-la no ritmo perfeito. Quanto mais perto colocava ela de mim, mais o ar ia ficando rarefeito. A vontade ia se dissipando pelos poros, e ia nublando minha cabeça. E ai, meu corpo finalmente entrou em erupção.
E eu a beijei. E nos combalimos um no outro. Explodimos juntos. Tinha vontade, desejo, necessidade. Nos desfizemos e fomos refeitos pelo calor que tinha no beijo. Suas mãos visitavam minhas costas e as minhas exploravam seu corpo, até onde eu conseguia ir. Até onde o senso me deixava chegar. A boca dela fazia parecer que meu corpo era algodão doce, me derretia inteiro por entrar em contato com água. Nos moldamos um ao incêndio do outro, fizemos nossas faíscas se tornarem labaredas quando nos tocamos em meio ao fogo vivo do nosso desejo. Não queria deixar ela sair de mim, daqui, desse momento. Mas assim como veio ardente, nosso fôlego se esvaiu de nós, antes de pedir permissão pra nos deixar.
Enquanto nos separavamos, nossos olhos se fundiam assim como nossas bocas fizeram segundos atrás. Deixei nossas testas ficarem coladas enquanto saboreávamos aquele momento. Tivemos que nos separar por completo, pois precisávamos voltar para nossos respectivos hotéis. E com muito custo deixei com que ela saísse dos meus braços. Me despedi com um beijo no canto de sua bochecha e um afago em seu cabelo, jurando que assim que chegasse no dormitório mandaria mensagem pra ela. E foi o que fiz.
Mal esperei tomar meu banho ou coisa parecida, assim que entrei no quarto, mandei uma mensagem pra ela, falando sobre tudo. Deixei meu telefone na escrivaninha que tinha no quarto e fui tomar banho. Queria ter cuidado pra água não levar o cheiro dela de mim, mas o gosto do seu beijo já estava impregnado e não havia o que fazer. Fechava os olhos e quando passava o sabonete pensanva nas mãos dela passeando pelo meu corpo. Ansiava tê-la de novo, ao menos mais uma vez. Terminei meu banho com um sorriso que não cabia no rosto, estava sozinho no quarto então levei meu tempo pra me preparar para descer e comer, até que escutei o telefone tocar. Sinalizava que uma nova mensagem havia chegado, e fui correndo ver. Infelizmente, não era o que eu estava esperando.
"Olá meu jogador favorito, como vai? Tenho que dizer que fiquei muito orgulhosa da sua performance hoje docinho, parecia até que sabia que eu estava te vendo e queria me impressionar! Uau, de verdade, fiquei sem fôlego te vendo jogar. Mas acabei ficando mais sem fôlego ainda quando te vi olhar para alguém que não era eu, e beijar ela também. Me diz que não é verdade benzinho... Não quero acabar com sua felicidade pra ter a minha de novo. Sugiro que essa garotinha suma amorzinho, ou essa fotinha vai aparecer, e as notícias não serão boas. Até mais lindinho, estou morrendo de saudade! Da sua amada Homohori <3"
Estava ferrado...
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Bom gente é isso! Perdão por qualquer erro gramatical, levei um bom tempo pra escrever mas apreciei cada segundo. Vou liberar aqui embaixo de como eu visualizo a imagem de Melissa, no treino e no jogo da seleção japonesa, mas fiquem à vontade para verem ela como preferirem! Obrigada pela atenção e até uma próxima quem sabe!
Os visuais:



| and all at once, you are the one
— player! yuki ishikawa × OC
— gênero: fluff, sugestivo, um pouco de angst
— conteúdo/avisos: galerinha menor de 16 anos, vamos passando por favor! Os diálogos que estão em itálico são em inglês.
— word count: 7,5K
— nota da autora: pense numa luta de escrever algo sobre esse homem. Um baú pela fé! Mas acredito eu que tenha ficado bom e condizente com o que vejo da personalidade dele!
Yuki P.O.V
Um barulho estridente entra pelos meus ouvidos, e mal preciso raciocinar pra saber que é o despertador me avisando que era hora de levantar. Não tive dificuldades de sair da cama, já que consegui dormir bem. Bom, melhor que esses últimos dias com certeza. Ohei no relógio e marcava 7:30hs e resolvi dar início ao meu dia, já que teria jogo hoje. Abri as cortinas e dei de cara com o dia limpo, brilhante e fresco, logo no começo do dia, o que muito me impressiona, já que essa última semana foram apenas dias nublados e escuros, às vezes chuvosos. E sentia que isso inconscientemente afetava o meu humor.
Os rapazes do time, que mesmo novos no meu ciclo de vida, conseguiam perceber, e Loser falava muito sobre isso pra mim. Como eu parecia abatido, mas não tinha um significado real para isso, mesmo que eu sentisse que tinha algo faltando. Então, resolvi por a culpa nos dias cinzentos. Pode ter sido também o cansaço, ter que me readaptar em um clube novo, num lugar novo na Itália e com as mudanças no meu corpo de novo. Mas nada que impedisse de seguir a minha vida, e foi isso que me propus à fazer. Entrei no chuveiro para lavar rapidamente o corpo, já que iria suar de toda forma no treino e no jogo do fim de tarde de hoje, não perdi muito tempo com isso. Fui fazer a minha comida de sempre para tomar meu café da manhã e pegar meu carro para ir em direção ao centro de treinamento e ginásio do Perugia.
As ruas dessa comuna da Itália são pacíficas. Catedrais bonitas e grandes, cheias de detalhes. A capital da Úmbria parecia sair de um filme, e hoje em específico ela estava florescendo. O clima realmente estava muito agradável, me sentia bem só de olhar os lugares. Estacionei em uma vaga escondida que tinha por dentro, e fui pegar minhas roupas e equipamentos no porta malas do carro. Antes de entrar para a parte que da no vestiário, meu telefone toca com o nome de Ran brilhando na tela. Sorri largo antes de atender.
"Oi carinha! Quanto tempo, quais são as novidades?" enquanto falava com ele pelo celular, cumprimentei todo mundo que estava presente no vestiário e já fui pro meu espaço para colocar a roupa do treino muscular.
"Oi Yuki! Por aqui tá tudo bem, e com você ai?"
"Por aqui tudo na paz!"
"Que ótimo! Bom e de novidades eu tenho algumas sim... Inclusive, você já está no centro do Perugia?"
"Sim, porque?"
"Porque, Melissa veio me encontrar no Japão, e nós vamos para a Itália, inclusive já estamos aqui, e resolvemos assistir o jogo do Perugia. Estamos nós dois e algumas amigas dela. Vieram fazer uma viagem de garotas pela Europa."
"Você tá falando sério? Vocês estão aqui?" minha felicidade era tão genuína que mal percebi que tinha colocado a camisa ao contrário enquanto falava com ele no viva-voz.
"Estamos sim senhor! Melissa tá com saudade de você também, assim como eu. Depois do jogo a gente pode sair pra comer ou algo assim, afinal de contas as meninas estão conosco também."
"Elas foram pro Japão com Melissa? Pra conhecer você?" coloquei fones conectado no celular pra poder continuar falando com Takahashi e não incomodar ninguém, enquanto seguia para a academia.
"Não, elas estão em Roma à alguns dias, Melissa veio sozinha pro Japão, fazer uma surpresa pra mim e voamos juntos para a Itália, e falei com Loser e ele conseguiu ingresso para nós três."
"Três? Eu achei que tinha mais gente." me senti confuso com o número.
"E tem, é Melissa e mais três amigas, mas duas delas resolveram sair para aproveitar Roma pela noite, e apenas ela e sua outra amiga vão para o jogo."
"Então tudo bem, eu vou pedir pra deixarem a entrada de vocês três reservada para área VIP, vai ser melhor da gente se encontrar quando acabar o jogo, e assim que tiver chegando me manda uma mensagem."
"Pode deixar capitão, até mais tarde!" sua voz tinha um fundo de sorriso, e me fez sorrir também.
"Até mais tarde garoto." desliguei a chamada com um sorriso enorme no rosto. Ran fazia falta, seria bom rever ele, e também sua namorada.
Com os fones já conectados, coloquei uma playlist aleatória pra tocar enquanto seguia com os exercícios, tinha muito o que fazer. Perto de 12hs o almoço estava liberado no refeitório e o time todo foi comer. Sentei na mesa com Loser e mais outros jogadores, enquanto pegava algo leve mas proteico para comer. Ficamos lá por vários minutos conversando sobre o jogo da tarde de hoje, e assim que terminamos de comer, fui falar com o supervisor do ginásio para informar da chegada de Ran, e logo em seguida, segui o resto do time para a quadra onde iniciariámos o último treino antes da partida.
* - - ⓨ - - *
Estava se ajeitando os últimos toques para o jogo ter início. Todo mundo estava trocado e se alongando um pouco no vestiário. Jogaremos contra o Padova hoje, um time repleto de atletas excepcionais, mas não importa como fosse, nosso time tem toda capacidade de ganhar. Ao entrar na quadra para começarmos à aquecer, já estava quase cheia as arquibancadas. Me posicionei, depois de cumprimentar alguns fãs, - os quais sou sempre muito grato pelo apoio, - para começar a me alongar. Enquanto fazia isso, tentava procurar Ran com os olhos ao redor do ginásio. Ele havia me mandando mensagem à pouco mais de 20 minutos dizendo que estava perto do ginásio já. Ao que parece, ele percebeu que eu estava à sua procura e levantou o braço na área VIP pra acenar pra mim, e Melissa fez o mesmo. Retribui com um sorriso.
Assim que ele acenou pra mim, olhei um pouco pro lado e vi a moça que estava junto deles, acredito ser a amiga de Melissa que ele falou, mas no momento, ela era apenas um imã para meus olhos. Por não ter contato comigo, ou parecer apenas impressionada pelo nosso ginásio, não participou das saudações, mesmo com um sorriso enorme no rosto o tempo todo. Nada disso me importou sendo sincero. Estava vidrado no rosto dela. Não parecia ser tão mais velha que Melissa, então tentei desfocar minha atenção um pouco, já que ela era pouco mais nova que Ran, e provavelmente ela era uma criança pra mim com meus 29 anos.
Ao me dar conta do meu pensamento, ri incrédulo comigo mesmo. Sou um pateta não é? Nem conheço a menina, já estou fazendo suposições porque achei ela bonita. Já fui melhor, sinceramente. Parecia que não via uma mulher à séculos (mesmo que faça realmente um tempinho desde a última vez que me relacionei com uma), estava agindo como um irracional, sem o menor cabimento. Voltei o meu foco para o que importava, o jogo. A rodada de aquecimento de ambos os times terminou, e o jogo enfim, tinha início.
Cada saque, cada recepção, cada ponto, era uma adrenalina fervente que passeava pelo meu corpo, uma corrente elétrica que me deixava acordado, hoje mais do que antes. Não foi uma partida fácil, 3x1 para nosso time mas ainda assim com placares passando de 25 pontos em todos os sets. Não podia negar que sentia certa falta do Milano, mas me entrosar assim com o pessoal do Perugia era incrível, e ter mais uma vitória contada pra gente, era mais do que incrível. Agradecemos ao público, tiramos algumas fotos e demos alguns autógrafos e o técnico fez uma pequena reunião antes de liberar a gente. Teríamos dois dias de folga por causa do jogo de hoje, mas a quadra de treinamento está sempre aberta pra todos. Por ter mais conhecimento e intimidade com Agus, e agora, morando no mesmo complexo que ele, sempre saímos juntos do ginásio. Mas como hoje Ran está por aqui, convidei ele pra vir jantar conosco, mas o mesmo recusou, dizendo que ia se encontrar com uma garota que conheceu em uma das suas caminhadas. Vi Takahashi se aproximar da gente e nos cumprimentar, e falei que só ia tomar um banho pra gente poder sair, ele concordou e ficou falando com Agus.
Resolvi não prestar atenção na moça que acompanhava o casal pra não perder o foco novamente, apenas segui em direção ao banheiro e tomei meu banho, completo e demorado dessa vez. Separei uma roupa versátil e leve pra vestir, uma que normalmente uso, sapatos e uma camisa branca, larga e uma calça jeans preta. Peguei uma jaqueta preta pra colocar por cima, pois imaginei que estivesse frio. Assim que estava terminando, Ran me avisou que estava me esperando no estacionamento. Coloquei meu perfume e arrumei minhas bolsas pra colocar no meu carro e fui encontrar eles. Ran tinha seu braço em volta de Melissa, enquanto o casal falava com a moça, e agora, não tinha mais como escapar.
Me aproximando mais conseguia perceber o quão bonita ela realmente era. Usava um vestido branco de lã, com uma bota comprida, a roupa toda desenhava bem seu corpo, que era muito bonito também. Tinha cabelos longos e ondulados que estavam presos pela metade, davam um ar jovial para ela. Parecia ser alta, pelo menos um pouco mais que Melissa. Meu companheiro de seleção percebeu minha aproximação e me cumprimentou de novo, assim como a namorada, que fazia bastante tempo que eu não via.
"Yuki! Ai quanto tempo! Como você está?"
"Oi pequenininha, estou bem! E vocês como estão?" ainda tinha seus braços envolvidos em mim enquanto nos falávamos.
"Estamos bem grandão. Olha, acho que o Ran já te informou sobre a situação, queria muito que minhas outras amigas tivessem vindo mas elas preferem badalar a vida, pelo menos consegui arrastar uma. Yuki, deixa eu te apresentar a que sobrou, essa é Helena. Helena, esse é nosso amigo, e parceiro de equipe do Ran, capitão do time japonês, Yuki Ishikawa." ela fez uma apresentação como se eu fosse a pessoa mais importante do país, ri um pouco da formalidade mas agradeci. Helena esticou sua mão pra mim, e eu prontamente peguei. Era quente. Delicada.
"Olá Helena, é um prazer conhecê-la." me prontifiquei em ser educado, e valeu à pena pelo sorriso que recebi.
"Olá Yuki, o prazer é todo meu. É uma honra finalmente te conhecer." tá, uau, okay. Sua voz parecia mel, e parecia derreter meus ouvidos e arrepiar meus pelos quando disse meu nome. Queria escutar de novo.
Combinamos de ir para um restaurante pequeno e local, onde a comida era muito boa. Fomos no meu carro, já que eles resolveram ficar em um local perto do ginásio para melhorar a locomoção. As moças foram atrás, ao que parece eram do mesmo país e amigas à algum tempo, desde que Melissa começou a trabalhar na FUNAI, as outras amigas eram primas de Helena, e irmãs gêmeas. Resolvemos ficar na parte aberta do restaurante, que era ventilado e bem iluminado, com uma decoração arborizada. Era um ambiente aconchegante e relaxante. Enquanto comíamos, os assuntos eram variados, e acabei descobrindo várias coisas sobre Helena nesse meio tempo. Ela resolveu fazer uma viagem com as amigas pra saber qual lugar iria condicionar o seu intercâmbio acadêmico de medicina veterinária. A moça de 24 anos (perto de fazer 25) disse que sempre foi apaixonada por animais e queria dedicar sua vida pra isso. Aparentemente tinha gostado da Itália, e não posso negar que me animei em ouvir isso. Ela gostaria, que se possível, fazer a faculdade e já começar a atuar na área aqui, estava tendo algumas aulas de italiano para facilitar o processo também.
"Bom, se a sua ideia é aprender italiano, o Yuki pode dar ótimas aulas, já que ele aprendeu praticamente sozinho o idioma e fala muito bem!" Ran falava com a cara mais limpa que eu já tinha visto. O rubor no meu rosto era aparente, e acredito que Helena tenha percebido, pois achou graça e riu fraco.
"Ele está exagerando, não é assim..." tentei desconversar.
"Bom, ao que parece você realmente fala bem o idioma, e eu estou aceitando qualquer tipo de ajuda! Então, se tiver como dar as aulas, eu aceito." eu não estava esperando por isso então fiquei meio sem graça, mas tinha amado a ideia com certeza. "Estou brincando, não vou ocupar seu tempo dessa forma."
"Ah não se preocupe, eu não iria me opor de qualquer forma." tentei ser o mais sutil possível, mas ela percebeu minhas intenções de alguma forma.
O decorrer do jantar, com a sobremesa, foi muito agradável. Como estava dirigindo e jogando também, não quis beber, só as meninas tomaram algumas taças de champagne, mas resolveram seguir a gente nas bebidas sem álcool. Deixamos o carro perto de uma rua, e resolvemos caminhar um pouco para espairecer o jantar. Melissa e Helena resolveram ficar atrás vendo todos os detalhes da cidadela, enquanto eu e Ran íamos na frente para falarmos e nos atualizarmos um do outro. Na época de clube eu sentia uma falta enorme dos meus companheiros de seleção, e depois das Olimpíadas de Paris com a nossa derrota, e alguns membros deixando a seleção, a gente apenas se uniu mais. Melissa chamou nossa atenção dizendo que pegaria um algodão doce pra ela, e nós resolvemos esperar. Helena ficou acompanhando a amiga, e tirei um tempo pra prestar atenção na garota. Ainda estava embasbacado com a beleza dela, me sentia sem jeito mesmo só olhando pra ela, e sendo sincero, queria tentar ficar à sós com ela, mas não sabia como iniciar.
"Que cara é essa Yuki?" Ran parecia ter percebido os mil pensamentos correndo na minha cabeça, e resolvi ser sincero.
"Ai cara, não sei. Eu me senti muito atraído por ela, mas não sei como agir. Faz muito tempo desde que me relacionei com alguma mulher pra ter algum tipo de conversa ou algo assim. Geralmente as que eu fico é só alguns beijos ou coisa do tipo. Não tenho muito tempo ou disposição, você sabe."
"Eu entendo Yuki, mas olha, pelo pouco que falei com Helena, ela é uma garota super incrível, não é difícil falar com ela ou fazer um assunto. Ela não parece se opor à ficar com você caso vocês conversem um pouco. Eu e Melissa podemos deixar vocês à sós um pouco. Mas eu sei que sua principal dúvida nisso tudo é pelo fato dela ser um pouco mais nova que você. Não é?" me senti surpreso em como eu não tinha falado nada sobre aquilo e ainda assim ele havia percebido.
"Eu entendi isso quando vi você se segurar em algumas coisas que você falava, tentando não soar muito assertivo ou coisa do tipo. Tentando não ser invasivo demais, andando em casca de ovos. Ela não se importa com isso Yuki, se deixa levar. Fica tranquilo, seja você. Caso não role nada, pelo menos você ganhou mais uma amiga." ambas se aproximaram de nós novamente e Ran me deu mais um toque antes de voltar pra sua namorada e me deixar à sós com Helena.
Andamos lado à lado por um tempo em silêncio, até que resolvi quebrar o gelo, levando em conta o que Ran tinha me dito, e que tinha certa razão. Não iria perder nada se não ficássemos juntos por um momento, mas eu tinha algo à ganhar, tendo alguma relação ou não com ela.
"O que você tá achando da cidade até agora? E da viagem também." deixei meu tom de voz ameno, pra não assustar ela e nem chamar atenção do casal.
"É de longe uma das cidades mais lindas que eu vi nessa viagem. É muito aconchegante, parece uma vila antiga bem estruturada. E as construções são belíssimas. Quero ver se tenho tempo de dar uma volta nas galerias e museus que tem aqui."
"Olha se quiser, eu posso te levar neles. Fazer um mini tour pela cidade talvez? Ran e Melissa iriam conosco." dei a ideia, mas não queria que fossem de verdade, fiz só pra deixar ela confortável.
"Além de professor em horas vagas, você também é guia turístico? Tá saindo melhor que a encomenda viu senhor Ishikawa..." ri um pouco do seu comentário.
"Bom, depois de morar tanto tempo na Itália a gente acaba desenvolvendo uma ou outra habilidade, mesmo que eu já seja velho pra isso." vi ela parar no caminho pelo canto do olho, e virei confuso pra ela. Melissa e Ran se afastavam de nós um pouco. "O que foi?"
"Você ai se chamando de velho. Tá maluco Yuki? Você ta na flor da idade, é super jovem, inclusive parece ser ainda mais jovem do que é. Sua idade não é um problema. E você não é nada de velho. Uma pessoa velha não faz metade do que vi você fazer em quadra hoje. Para com isso hein? Um homem lindo, elegante, determinado como você me dizendo que é velho. Cada uma." achei graça da sua indignação. Voltamos a caminhar.
"Bom, obrigada Helena. Mas é que eu realmente me sinto assim, tanto pelo meu modo de viver e por passar tanto tempo sozinho também. Em minha profissão eu não posso ir até meus 40, mesmo querendo se eu pudesse. Quero me estabelecer e construir uma vida com alguém, mas na minha idade não é tão fácil. Tenho quase 30 já." tentei fazer ela entender meu ponto de vista, mas ela parecia determinada em me fazer pensar o contrário. Agarrou meu pulso e me parou à sua frente. Nossos olhos ficaram quase da mesmo altura por conta de seu salto e à vendo tão de perto assim, quase perdi o fôlego.
"Nem começa. O modo como você vive não é culpa sua de forma alguma. É o jeito que você escolheu viver pra consegui se sair bem naquilo que você tanto ama fazer que é jogar. E olha, sinceramente, vendo você em quadra, e fora dela, me perdoe, mas pretendente não falta. Sei que pra construirmos uma família é bom que seja alguém ideal pra isso, pois é um passo grande que se dá na vida." cada palavra que saia de sua boca era verdade, e me senti hipnotizado pela forma como era firme em dizê-las.
"Você é um homem incrível Yuki, pelo pouco que conheci de você hoje. É íntegro e muito responsável. Super focado e muito resiliente, além é claro de ser muito bonito e atraente. Mas você precisa se soltar mais. Não dá pra pensar em ter uma pretendente sem ao menos tentar conhecer alguma, por mais corrida que sua vida seja, não precisa beber ou algo assim, só sair, conhecer pessoas novas. Tenho certeza que logo menos você vai ter tudo aquilo que deseja." quis beijá-la. Agarrar ela ali no meio da rua e consumir ela, até onde pudesse ir. Quis encher ela com meu gosto e ser invadido pelo seu. E infelizmente não consegui segurar, minha boca foi mais rápida que minha cabeça.
"No momento, o que estou desejando é você." vi ela se espantar com meu comentário, mas não pude me importar menos. Tinha meus olhos vidrados em sua boca, minhas mãos agindo por conta própria e querendo tocá-la. Ela olhou para os lados como se buscasse alguma coisa, e antes que pudesse pensar, suas mãos me puxaram pela nuca e nos beijamos.
Me senti fraquejar, perder a força das pernas e da mente. Uma nuvem se apossou dos meus pensamentos e nela só sentia o gosto do seu beijo. Por ser maior que ela, suaa mãos pareciam se perder no meu cabelo e ombros. Para me manter de pé, agarrei sua cintura, como se fosse a coisa responsável para me dar forças e me manter ali. Quis puxá-la pra mais perto, mas caso fosse possível ela se fundiria à mim, já que não havia espaço suficiente pra nós dois. Não ali, ou lugar algum. Com o fôlego cessando, ia diminuindo o ritmo frenético do beijo, enquanto ela acariciava minha nuca e os cabelos ali, e a outra fazia um carinho em meu peito. Nos separamos como se estivéssemos em êxtase, nossos corpos arrepiados e entregues. Me sentia flutuar, absorto da sensação de ter sua boca contra a minha, não sabia pensar em mais nada. Preciso beijá-la de novo.
"Acho que o casal foi embora, deixaram a gente aqui."
"Que bom, pelo menos não atrapalham a gente." ela me deu um tapa leve no peito, me repreendendo e ri. "Já que eles nos deixaram aqui, você gostaria de ir pra minha casa? É perto daqui. Podemos tomar alguma coisa, aproveitar o resto da noite." não sabia negar minhas intenções, não queria.
"Você sabe que é uma proposta tentadora? Como fui abandonada aqui na rua com um belo rapaz, acho que terei que aceitar." sua fala era baixa, sedutora e mordaz. Seus dedos passeavam pelo meu peito enquanto sua voz desenhava melodias no meu interior. Peguei sua mão e guiei ela pra onde o carro estava.
Parei em alguma loja de conveniência para comprar uma bebida leve para nós dois e alguns petiscos também. A ida até meu apartamento foi rápida, e chegando lá, vi uma mensagem de Ran.
"Eu e Melissa resolvemos continuar a caminhada à sós já que vocês pareciam estar se entendendo bem. Espero que tenha deixado de vergonha e feito algo! Aproveita a noite com ela, que eu vou aproveitar com a minha namorada. Até mais!"
Ri da sua mensagem mas mentalmente agradeci. Deixei o carro na minha vaga do estacionamento do prédio, cumprimentei o porteiro e subi com Helena para minha casa. Enquanto esperávamos o elevador subir, ficamos trocando algumas carícias, toques leves e olhares pesados. Se não tivesse tanta paciência já teria agarrado ela bem aqui, mas não queria ser desrespeitoso e resolvi esperar. O elevador chegou, algumas outras pessoas entraram também, falei com todas e nos posicionamos no fundo da caixa de metal. Provocava ela tocando em sua cintura, beijando sua têmpora, ajeitando seu cabelo, e sentia sua respiração pesar. Sorria satisfeito com o que causei.
O caminho até minha porta foi silencioso, deixei que ela entrasse primeiro no meu apartamento e acendi as luzes. Tirei meus sapatos e fechei a porta, enquanto percebi ela analisar cada cantinho da minha sala. Deixei ela olhando tudo enquanto colocava o que comprei na cozinha, e assim que voltei ela estava encostada na parte de trás do sofá, admirado algumas fotos que tinha na parede. Cheguei perto dela de forma sutil, peguei sua mão e depositei um beijo no dorso, fui subindo. Passei pela extensão do braço até chegar ao ombro, coloquei seu cabelo de lado e a mesma deixou o pescoço cair pro lado, me dando mais acesso à pele exposta. Seu corpo parecia pegar fogo ao meu toque, do mesmo jeito que eu me encontrava com o seu. Tinha um cheiro bom de lavanda espalhada por ela, e enquanto depositava beijos e algumas mordidas esporádicas na pele do pescoço, sua mão puxou minha camisa e fez ficar de frente pra si. Olhei pra ela por cima, querendo captar cada detalhe antes de me afundar no mel dos seus lábios.
Com ela escorada no sofá e eu pressionando o seu corpo pra perto do meu, deixamos nossas bocas comunicarem o desejo que compartilhavam entre si. Íamos acelerando, diminuindo, respirando e fazendo tudo de novo. Me sentia preso nas carícias dela, como se tivesse uma força gravitacional me colocando fora de órbita dos meus sentidos e da minha noção. Pedi pra ela sentar e escolher algo pra gente assistir enquanto pegava algumas coisas pra gente saborear e passar o tempo (além das nossas bocas). O vinho que comprei tinha uma porcentagem bem pequena de álcool, era quase um suco de uva natural, já que não costumo e nem posso beber muito. Nos servi e me sentei ao seu lado.
Com o passar do tempo enquanto íamos revezando entre ver o filme, beliscar algo, e nos beijar, resolvi tirar minha jaqueta, pois estava sentindo a temperatura esquentar, provavelmente pelo aquecedor. Depois que coloquei ela no cabide da sala e voltei pro sofá, senti o olhar de Helena me penetrar, analisando e reparando em cada detalhe que podia ser visto do meu corpo, e pela primeira vez na noite, fiquei tímido. Conseguia sentir minhas bochechas esquentarem ao ponto de saber que estavam vermelhas, e quase não consegui manter contato visual com ela.
"O que foi? Tudo bem?" tentei não parecer patético, não funcionou.
"Tudo ótimo... Melhor que nunca." sua resposta foi direta, e sem rodeios para achar outra coisa.
De repente me senti acanhado de estar próximo dela. Obviamente não à trouxe pro meu apartamento com intenção puramente sexuais, óbvio que se rolasse eu não iria me opor. Mas agora pensando nisso, e nela, e toda a situação que passa na minha mente, começo a ficar nervoso, e não acho que tenha sido discreto sobre isso, pois ela percebeu.
"O que foi gatinho? Você parece tenso." suas mãos alisavam meus braços e ficava em um conflito enorme entre perder a cabeça ou manter a compostura.
"Ah, não é nada, acredito que seja o cansaço do dia batendo no corpo agora. Só isso!" quis passar confiança no que dizia, e acredito que convenci ela.
"Ai nossa eu imagino. O jogo foi super puxado e você ainda veio acompanhar a gente depois, deve estar todo dolorido. Quer que eu te faça uma massagem?" me virei pra ela quando proferiu a frase e dei de cara com seus olhos brilhantes. Ia recusar, mas ela ofereceu de tão bom grado que não faz mal.
"Não quero que se incomde com isso... Mas eu adoraria." ela negou o incômodo com um sorriso fatal pra mim, e percebi. Deveria ter dito que não. Acabei de cavar minha cova.
Com um pedido de licença, ela se posicionou calmamente sob meu colo, ficando na metade da minhas coxas que estavam fechadas, com uma perna sua de cada lado. Enquanto prendia o cabelo em um rabo de cavalo alto e aquecia as mãos, tentava manter minha respiração controlada, assim como minhas mãos, que queriam voar pra cintura dela. Seu corpo depositava um leve peso sob mim e quis pegá-la no colo no mesmo instante que suas mãos foram pros meus ombros. Estavam quentes e escorregadias, mas eram firmes e habilidosas. Mesmo que não estivesse tão tenso assim, ela conseguiu relaxar meu corpo ainda mais, tanto que fiz tudo no automático.
Apoiando ela mais pra cima das minhas pernas, foi automático. Aplicando uma leve pressão com apertos em sua cintura macia, foi automático. Minha cabeça indo pra trás, meus olhos revirando, e um som quase que ridículo saindo pelo fundo da minha garganta, foi super automático. Infelizmente, a reação que tive quando senti ela beijar a extensão do meu pescoço também foi automática, mas não tive a intenção. Apenas acordei do meu devaneio e percebi o que estava acontecendo.
"Helena, calma. Desculpa. Eu acho que me precipitei um pouco. Me perdoa se toquei em você de alguma forma que-"
"Yuki, tá tudo bem. Se eu não quisesse que você tocasse em mim, eu teria afastado sua mão." ela tentava me certificar alisando meu peitoral e ombros ainda por cima da blusa, mas isso só fez tudo embaralhar mais minha cabeça.
"Sim, não. Quer dizer, não. Eu não sei se você se sentiria confortável comigo fazendo isso, e eu só fiz..." tentava colocar um pensamento coerente pra fora mas eles pareciam presos.
"Eu não estou desconfortável, com toda certeza. Eu ofereci a massagem porque vi você tenso. O que aconteceu durante ela não tem nada de errado, ou tem pra você?" inclinou a cabeça pro lado, confusa.
"Não, não é isso! É que, eu tive medo de você pensar algo errado ou algo assim, achar que eu estava me aproveitando de você!"
"Ishikawa, você pode ter certeza que de errado eu já pensei várias coisas e todas pareceram certas pra mim, e eu não negaria de ter você se aproveitando de mim. Se eu não parei, é porque eu quis, e porque eu vi que você reagiu bem com meus carinhos. Ou estou errada?" meu corpo ofegante e vermelho não me deixava nem mentir.
"Não, muito pelo contrário, é só que. Pensei ter passado do ponto agindo dessa forma quando você apenas me ofereceu uma massagem, mesmo que eu não reclame dos toques ou qualquer coisa. Mas... Bom, eu sou um pouco mais velho que você, você não está desconfortável com isso?" quando terminei de falar, pensei ver o rosto dela modificar.
Ela me analisava como se tivesse alguma resposta preciosa escondida em mim pra o mais difícil dos enigmas. Lentamente, suas mãos foram de encontro a barra da minha camisa. Gelei. Ela olhou pra mim como se pedisse permissão e eu cedi, não estava com muita força pra negar. Senti o tecido de algodão passar lentamente pela minha cabeça, e assim que ela pousou a peça de roupa no sofá, se mexeu no meu colo até ficar basicamente no pé da minha barriga, o mais perto que conseguia chegar na posição que estávamos, e em seguida, segurou meu rosto com suas duas mãos e me fez focar em seus olhos. E foi o que fiz.
"Eu vou deixar bem claro pra não surgir dúvidas e questionamentos nessa sua cabecinha de novo então me escute com atenção. Se eu me importasse com a sua idade, eu não teria trocado meia dúzia de palavras com você. Eu não teria beijado você na rua. Eu não teria deixado você me trazer pra sua casa. Não teria me arrepiado cada vez que suas mãos passam pelo meu corpo, ou seus braços fortes me envolvem. Não teria subido no seu colo com a desculpa de fazer uma massagem idiota quando tudo que eu mais quero no momento é ter cada pedacinho seu em contato comigo." estava sem fôlego. Sem rumo. Sem noção. Mas ela continuou.
"Sua idade é a coisa que menos importa pra mim e pensei ter deixado claro o suficiente quando estávamos conversando naquela rua. Você não deixa de ser um cara maravilhoso porque é 5 anos mais velho que eu. Eu não poderia me importar menos com isso. Agora, se isso é um problema tão grande pra você, a nossa diferença de idade, eu entenderei e ficarei na minha. Mas se só for uma insegurança sua, uma dúvida impertinente, eu vou beijar você, e tocar você, até ela se dissipar da sua cabeça, entendido? Se sua idade importasse pra mim, eu não estaria implorando mentalmente pra ser sua." fiquei cego, tonto. Maluco.
À puxei com tanta força pra mim que pensei ter machucado ela de certa forma, mas o que doía mais era só a vontade de consumir cada mínimo pedaço dela. Levantei com seu corpo envolto do meu, e fui em direção ao meu quarto, enquanto ainda tentava deixar o mínimo de resquício de sanidade passar por mim. Queria colar meu corpo no seu, desenhar ele nas pontas dos meus dedos, aprender cada curva, cada pedaço, cada movimento. Os nossos beijos pareciam insuficientes ali. Quanto mais tinha dela, mais queria ter. Suas mãos e unhas percorriam minhas costas e abdômen, enquanto tentava não me perder beijando cada resquício de pele que encontrava. Falávamos profanidades um para o outro, cada poro de nossos corpos exalando desejo. Queria prender ela ali, na minha cama, na minha casa, na minha vida.
Percebi o quão idiota fui de me segurar ou de pensar que a idade entre a gente seria um problema. Agora sabia que o único problema ali era não ter ela comigo. Queria beijar, tocar, cheirar, desejar cada parte dela por quanto tempo eu pudesse, e nunca seria suficiente. E no decorrer da noite, enquanto o tempo passava sem a gente perceber, me afoguei nela.
* - - ⓨ - - *
Pensei em levantar correndo, sem lembrar onde estava, mas recordei que hoje era meu dia de folga e resolvi relaxar novamente. Pelo horário e do sol que estava lá fora, acreditei já passar das 8hs da manhã. Tentei me revirar na cama, pronto pra pra levantar e fazer minha rotina da manhã, mas tinha um peso impedindo que eu o fizesse. Olhei para baixo e vi Helena agarrada em meu corpo como um coala, seus braços envolviam minha cintura e suas pernas estavam jogadas na minha. Não sabia como ela não sentia calor, com seu vestido e meia calça ainda no corpo. Lembro de não passarmos de beijos e toques quentes ontem, por ser muito cedo ainda, mas o que fizemos, aproveitamos bem. Tinha um sorriso aberto no rosto, meu coração batendo forte e meu peito quente, pensando no que passamos ontem.
Tentei retirar ela de mim de forma leve, para não acordar seu sono e fui me arrumar. Estava sem camisa ainda, e com várias marcas por todo meu dorso, pra sempre me relembrar da noite passada. Tomei um banho rápido e me troquei para comprar algumas coisas numa conveniência próxima pro café da manhã. O meu seria o mesmo de sempre, mas gostaria que ela tivesse um diferente. Lavei minhas mãos e comecei à preparar o café, até meu telefone tocar. Ran me ligava, então resolvi deixar no viva voz pra não perder tempo.
"Bom dia bonitão, isso é hora de acordar?" seu tom de voz era alegre, e já me fez abrir um sorriso enorme.
"É meu dia de folga cara, deixa eu ter um pouquinho de paz."
"Eu imagino a paz que você teve. Gostaria de saber onde está a amiga da minha amada, você não sumiu com ela não né?" ri da pergunta, o que se passa na cabeça desse garoto?
"Ainda não! Estou planejando alimentá-la e depois sair sem rumo e derrubar o carro no precipício. O que acha da ideia?" meu tom sarcástico era forte, mas a conversa toda era muito engraçada pra mim.
"Alimente bem pra ela não se perder de barriga vazia." concordei rindo. "Mas falando sério agora, o que houve? Ela está contigo?"
"Está sim. Depois que vocês se afastaram da gente ontem, resolvi tomar uma atitude. E tudo que aconteceu foi muito no calor do momento, e agora que ela tá dormindo aqui e eu fazendo o café, to entrando em parafuso em pensar que vou encarar ela agora." meu rosto esquentou só de pensar nisso, e ao que parece o universo não quis deixar isso passar, pois senti seus braços envolverem minha cintura, e num leve susto me despedi de Ran, e me virei pra vê-la.
"Bom dia Yuki." sua voz sonolenta me fez ficar bobo. Como queria que toda manhã fosse assim...
"Bom dia linda. Dormiu bem?" acariciava seus cabelos com minha mão limpa, e a outra deixei fechada com meu braço em sua cintura.
"Muito bem, tinha um ursão de pelúcia me fazendo compainha." seu comentário fofo e arrastado me derreteu e me inclinei pra beijá-la novamente, mas ela recuou. "Nem pensar! Acabei de acordar e não escovei os dentes. Não mesmo senhor." fiz bico mas não retruquei, deixei ela subir pra se higienizar e se organizar, e a chamei para comermos juntos.
"O que planeja fazer hoje? Tenho o dia de folga, e posso ser completamente seu pelo resto do dia." perguntei para trazer algum assunto pra mesa, mas me arrependi da forma que falei quando vi seu olhar brincalhão pra mim, balançando as sobrancelhas.
"É mesmo? Bom é uma notícia ótima. Eu estava querendo conhecer algumas cidades pela redondeza, pensei em fazer isso com Melissa, mas a viagem tomou um rumo diferente, e como só tenho até hoje aqui, quero tentar por em prática." não pude deixar de notar o aperto que surgiu no meu peito quando ela falou em ir embora, mas não quero focar nisso agora.
"Bom, não seja por isso, chama os dois, e a gente se organiza e vai pra alguma." ela concordou e assim que terminamos de comer, falamos com os pombinhos.
O local escolhido foi Ancona. Como é um local litorâneo, deixei Helena no apartamento que ela está com Melissa para pegarem o necessário e fui com Ran comprar algumas coisas para usar na viagem. Enquanto nos falávamos decidimos ir para praia de Monte Conero que ficava na comuna italiana. O clima estava agradável, e como era uma viagem de mais de 1 hora, decidimos sair logo para aproveitar o clima. O caminho todo foi recheado de risadas, boa música e muito papo. Todos nos divertimos e agradeci mentalmente pela virada que minha vida teve nesses dois últimos dias. Jamais imaginei estar vivendo isso, tão inesperado, não é do meu feitio, mas Helena me faz querer viver, aproveitar cada momento que me é dado. Não vou negar e dizer que não gostaria de passar o dia de hoje inteiramente com ela, mas não nos conhecíamos. Éramos de certa forma estranhos um para o outro, e o foco principal dela com essa viagem não acredito que tenha sido se envolver com alguém, e sim aproveitar com a amiga. Eu só iria embarcar junto.
Penso no absurdo disso tudo que está acontecendo. Eu de todas as pessoas estou falando sobre ficar com alguém e ter ela por muito tempo comigo depois de um dia apenas. É carência, só pode ser. Passei boa parte do caminho pensando nisso, mas de nada adiantava, já que não mudaria o fato de que estava sentindo tudo isso. A última vez que namorei, foi pouco tempo depois de entrar na seleção japonesa, gostei muito dela, mas não o suficiente pra continuar. Não foi o suficiente pra ela. Sempre me dizia que o vôlei tinha muito mais de mim do que ela jamais teria, e resolveu terminar. E quando ela terminou, percebi que talvez ela estivesse certa. Doeu na época, mas não o suficiente pra pensar em correr atrás dela, pois tinha campeonatos mais importante para me preocupar do que apenas um término. E foi ali que nunca mais me relacionei sério com ninguém, fui nomeado capitão da seleção, e fiz minha vida na Itália, me relacionei com um mulher ou outra, mas meu tempo e dedicação era voltado somente para o vôlei, e não tinha como mudar isso mais. Refiz minha vida inteiramente pra isso, cada passo dado, cada caminho escolhido, foi única e exclusivamente pra chegar onde cheguei hoje, e não me arrependo de nada.
Mas de uns tempos pra cá, vendo todos meus amigos tendo filhos, se casando, construindo uma vida além da carreira, enquanto eu faço o contrário, construo uma carreira além da minha vida, e isso começa a pesar de certa forma, pois quero encontrar um equilíbrio para os dois, só acho que já esteja tarde para começar. Quero me provar enganado. Tenho medo de ter construído uma rotina que se torna tão intrínseca em mim, que não consiga sair mais, e caso tente, tudo desmorone. No meio dos meus devaneios, percebo que chegamos ao local que resolvemos passar o dia. Estacionei o carro perto da praia, que por ser uma segunda-feira, estava vazia e nos dirigimos para a areia quente. Não iríamos tomar banho, pois não trouxemos roupas para tal, mas resolvemos aproveitar o dia para jogar um pouco e relaxar ao sol, não que eu seja o maior fã da bola de ar quente sob nossas cabeças, mas o dia hoje pedia.
Espalhamos nossas coisas sob a manta que trouxemos, e as meninas já se animaram para jogar um pouco de toque, enquanto eu e Ran arrumávamos os comes e bebes que compramos. Ficamos vendo elas jogar enquanto conversávamos para passar o tempo.
"Onde você está?" Ran me pergunta genuíno, sentando ao meu lado enquanto come uma barra de proteína e me entrega outra, agradeço.
"Onde eu estou? Aqui, oras."
"Você está em vários locais, menos aqui Yuki. De uma meia hora pra cá, até chegarmos aqui, você se calou e sumiu. O que houve?" não conseguia entender o quão bem ele conseguia captar essas coisas.
"São pensamentos, coisas rondando minha cabeça, dúvidas. Quero tentar me manter no lugar."
"Mas esse lugar que você quer se manter, é bom? Te faz bem?" fiquei sem resposta imediata pra pergunta.
"Acho que sim, sempre me fez."
"Então, o que mudou? O que está acontecendo? Pode falar comigo capitão, nada aqui é segredo." agradeci mentalmente pelo apoio dele. Era realmente um menino especial.
"Eu não sei... Não sei Ran, sendo o mais sincero que posso. No caminho pra cá me peguei pensando na minha ex, do Japão, e tudo só veio desenrolando e agora está tudo embaralhado. São tantas coisas que mal consigo pensar."
"Essas questões tem a ver com Helena? O momento de vocês ontem não foi bom? Não se deram bem?"
"Quem me dera fosse isso, foi justamente o contrário. Enquanto estávamos na rua ainda, e depois que chegamos no meu apartamento, conversei com ela, e expressei minha insegurança em relação à nossa diferença de idade. E ela foi tão segura, tão certa, tão racional que me peguei pensando, o quanto mais eu posso perder da minha vida?" ele me escutava com atenção, concordando vez ou outra. "Não me arrependo de nada que fiz até aqui, de tudo que dediquei e sacrifiquei pelo meu sucesso, que é algo que tenho muito orgulho, e não quero que mude. Refazer toda minha rotina e todo trabalho que tive, mas até quando eu continuo com isso? Quero me casar, ter filhos, quero que eles me vejam jogar e que possa ter o respeito deles e a admiração também. Mas pra isso, tenho que me relacionar com alguém, como faço isso? Como faço pra funcionar? Tenho que deixar a pessoa entrar na minha vida e me ver por mim mesmo, cada mísero detalhe que sigo à risca à mais de 10 anos, e tenho que ser recíproco. Sem isso não tem como funcionar."
"E o seu receio é justamente por causa de querer fazer isso com ela?"
"Eu não sei. Nos conhecemos tem pouco mais de um dia, não posso simplesmente dizer que quero casar e ter filhos com ela e trazer ela pra o meu mundo sem ao menos conhecê-la. Mas me rasga por dentro a insistência que meu coração está tendo de fraquejar por ela. Isso não tem cabimento pra mim Ran, não tem. Eu não posso me propôr à ter um relacionamento com alguém sem saber se vai dar certo."
"Mas a magia de uma relação é essa Yuki. Não a incerteza de não saber o que pode acontecer, mas todo dia ter mais uma chance de fazer durar. Eu não estou dizendo pra você fazer uma loucura e casar com ela, ou que ela seja a pessoa certa pra isso, mas você não pode mais negar que tudo abalou no momento que você começou a sentir algo, e se deixou levar por isso. Rotinas se renovam e hábitos mudam Ishikawa. Não deixe de dar uma chance de sentir algo por ela, não deixe seu medo falar por você aquilo que o seu coração está sendo calado à força. Ninguém começa uma relação pensando em como vai acabar, não pense na sua como um fim, mas um recomeço. Dedique a mesma força e coragem que você tem no vôlei, para o amor. Uma hora, isso tudo pode acabar, sua carreira pode ser algo passageiro, sua vida e realizações não serão. Eu nunca vi você se render pra nada em sua vida, não se renda pra sua felicidade também." estava digerindo, tudo aquilo.
Minha cabeça e corpo e alma são devotas 100% do meu tempo para me dedicar ao esporte que tanto amo, que mudou minha vida, e me deu uma razão. O vôlei é e sempre será o meu primeiro amor. O mais genuíno. Construi uma vida com ele, venci batalhas internas e me superei junto dele. Quando voávamos, voamos juntos, e quando caíamos, caímos juntos. Sempre fiz questão de dar o meu melhor pra tudo em volta dele. Mudar meu corpo, alimentação, rotina, minha vida. E acabei mudando tanto que me mudei no processo pra alcançar o topo, e esqueci que as pessoas que nos levam até ele, vão permanecer se a gente despencar. Olhando aqui para os três, se divertindo, aproveitando, sorrindo e principalmente, se amando, me dei conta que minha felicidade não é segundo plano na minha vida e que o vôlei já tem seu espaço nela, só preciso preparar o espaço para colocar mais uma nova felicidade, a eterna.
Com o coração acelerado, minhas mãos suando, corpo arrepiado e trêmulo, meus sentidos estavam aguçados, me aproximei deles. As nuvens que estavam nublando minha visão se abriram, e deram espaço um sol lindo e brilhante, com um sorriso acolhedor e olhos cintilantes. Senti uma adrenalina fervente que passeava pelo meu corpo, uma corrente elétrica que me deixava acordado, hoje mais do que antes, agora mais do que nunca. Fui procurar então, um novo motivo pra minha felicidade.
"Posso me juntar à vocês?" encarava Helena enquanto falava isso, e o sorriso que se abriu no rosto dela, desapareceu com toda e qualquer dúvida que tivesse. Nunca fugi de me arriscar. Agora, o que estava em jogo, era minha alegria, e esse eu jamais me perdoaria se perdesse. Helena estendeu sua mão pra mim, como um convite.
"Sempre." tomei, e fui. Começar mais um capítulo na minha vida.


Bom, está aqui mais uma fic dos meninos da seleção japonesa. Até o momento, esse foi o mais complicado de fazer. Ran é um livro aberto na minha visão, enquanto o Yuki está guardado à sete chaves, e por não conhecer ele (e na verdade, nenhum outro) peço desculpas se a personalidade dele estiver tão diferente, mas afinal de contas, é apenas uma história fictícia. Espero que tenham gostado da leitura, e até breve!
Novamente, aqui estão os visuais e como visualizo os personagens, mas eles ficam à critério de vocês também!

A roupa do Yuki para o jantar, e o restaurante, eu vejo assim:



| our secret moments, in a crowded room
— player! yuki ishikawa× OC
— gênero: fluff, SMUT
— conteúdo/avisos: menor de 16 anos, vamos passando por favor! Os diálogos que estão em itálico são em inglês. Conteúdo sexual EXPLÍCITO!!
— word count: 5,9k
— nota da autora: essa história segue em sequência da história passada do Yuki, e como diz nos avisos, tem cenas de sexo gente, então se não se sentem confortáveis não leiam e se forem menores NÃO LEIAM também.

P.O.V
Sábado estava com o começo de dia bem ameno, uma brisa suave balançava as folhas das árvores e deixava o céu limpo. Yuki se levantou mais cedo com a intenção de arrumar o máximo de coisa que conseguia, pois viria com a atual namorada, Helena, pra sua casa após o jogo de hoje. Fazia apenas dois meses que a garota se encontrava em terras italianas, em Florença mais precisamente, para realizar seu intercâmbio acadêmico de medicina veterinária, e nesses dois meses ela estava se adaptando à nova vida e tentando conseguir se transferir para Universidade de Perugia.
Os dois não tiveram muito tempo de se encontrar nesse tempo, já que o campeonato italiano de vôlei estava com tudo e a vida da garota muito corrida, eles se viam geralmente por chamada de vídeo ou ligações. Mas como hoje seria um dia livre para a moça, nada melhor que ver seu namorado jogar e matar a saudade dos quase 8 meses que não viam, mesmo com 2 meses em terras Itálicas. Era uma viagem de quase 2 horas, então ela decidiu ir devagar e sem pressa, saiu cedo de casa pra conseguir chegar à tempo de tudo. Yuki havia deixado sua entrada livre com passe VIP para o jogo, então seria somente dar seu nome e entrar. O jogo seria de noite apenas, mas resolveu sair mais cedo pra poder aproveitar o caminho. Parou para almoçar, comprou algumas coisas para Yuki como presente, e seguiu caminho.
Chegou por volta das 17:00hs, o jogo seria somente às 18:30Hs, então decidiu se distrair pela cidade. Tomou um café, foi em lojas com coisas típicas, antiguidades e até floriculturas. Pediu um pequeno buquê para o namorado e percebeu que tinha dado o horário de ir para o ginásio. Escreveu uma notinha para colocar nas flores e foi em direção ao local, deixando o carro que veio estacionado por perto, apenas pegando a bolsa que tinha tudo que precisava para o fim do dia.
Estava movimentado, como esperado. Várias pessoas se reuniam por ali, e ela foi discretamente para a entrada VIP, seguindo todos os passos que seu companheiro havia falado. E pediu para lhe entregarem o buquê, sem dizer sua identidade.
Seu relacionamento com Yuki ainda era um segredo para o mundo à fora, somente alguns amigos próximos sabiam e até então estavam confortáveis dessa maneira. Então, ela não queria chamar muita atenção para esse fato. Seguiu seu caminho até seu local, e mandou uma mensagem para Ishikawa avisando que já tinha chegado. A resposta que recebeu em seguida foi a foto do seu buquê, perto do rosto dele e um "Eu sei ;)". Riu da mensagem dele e se concentrou na movimentação que começava a surgir dentro da quadra.
O homem por sua vez, não conseguia tirar o sorriso bobo do rosto pela surpresa adorável que sua namorada tinha feito. Nunca havia recebido uma coisa assim, apenas com um desejo de boa sorte e se sentiu tão bem que queria mostrar as rosas para todo mundo que passava, apenas para se gabar, 'você sabia que minha namorada me deu essas flores? Só pra me desejar boa sorte? Ela é incrível.' e seguindo. Os companheiros de time até tentavam tirar sarro da cara de apaixonado que ele estava, mas não dava a mínima, ainda mais sabendo que ela estaria ali hoje, e finalmente poderia matar a saudade de quase 1 ano sem vê-la.
Saber que contaria com a presença de Helena vendo seu jogo só deu mais gás ainda pra jogar o seu melhor. Assim que entrou no ginásio passou os olhos vagamente pelo local, procurando a amante discretamente e quando à encontrou, sorriu leve e acenou, mas não teve tempo de prestar muita atenção nela. A partida começou e Yuki jurava que conseguia sentir as vibrações positivas que emanavam de Helena, com cada grito ou comemoração de um ponto, sempre mais altos se fossem dele, que sorria abertamente o jogo todo. E foi com esse bom humor que venceram rapidamente o jogo de 3x0, sem nem dar tempo de pensar.
Teria início breve a parte burocrática do pós jogo, entrevistas, fotos, uma breve reunião para poderem serem liberados, e Ishikawa resolveu avisar a moça pelo celular.
"Oi linda, eu já estou quase terminando minhas obrigações por aqui está bem? Vou tentar fazer tudo o mais rápido que posso, prometo. Enquanto isso, me espera no estacionamento, perto do meu carro. Assim que sair, te aviso. ;)"
A moça seguiu sem a menor contestação e foi esperar seu amado. Yuki pediu a ajuda de Loser para acelerar as coisas pra ele, tentava dar entrevistas enquanto ele atendia alguns fãs, mas também com ajuda de Agustín, a reunião logo teve início. Apenas para falar sobre o jogo e treinos da próxima semana. Yuki seguiu correndo para o banheiro e tomou um banho rápido apenas para tirar o suor e já se trocou. Colocou uma roupa leve mas arrumada, mesmo que não fossem sair, queria estar apresentável para a amada. Resolveu deixar seus equipamentos no seu armário, levar apenas a roupa pra casa, mandou mensagem para Helena e seguiu para o estacionamento.
Ela estava de costas pra ele, facilmente identificada pelo vestido leve e curto que estava usando, escorada na lateral do carro, mexendo no celular e facilitou o trabalho dele de fazer uma surpresa. Envolveu seus braços longos pela cintura dela, enquanto deixava sua boca encostar na curva de seu pescoço, dando um leve selar.
"Ai que susto Yuki!" ela tentava se desvencilhar do aperto do mais velho, mas sem sucesso, então apenas virou para encará-lo de frente.
"Estava esperando alguém?" pergunta com as mãos ainda a segurando, e um sorriso ladino no rosto.
"Estava na verdade. Um homem muito bonito porém bem bobo que eu chamo de namorado. Viu ele por ai?" suas mãos envolviam agora o pescoço de Yuki, trazendo ele mais pra perto.
"Olha eu acho que não, mas assim que eu ver eu te aviso." Helena riu do comentário e se levantou um pouco na ponta dos pés pra depositar um selar nos lábios de Yuki. O primeiro em muito tempo.
Parecia certo, ter suas bocas juntas de novo, já que fazia muito tempo desde que tiveram um momento assim. Quando se viram a última vez, Yuki ainda tinha certo receio sobre como poderia fazer a relação funcionar, sempre falava com Ran, e pedia ajuda de outros amigos seus, inclusive aqueles que já eram comprometidos. Nunca tinha estado tão vulnerável e em toque com seus sentimentos como quando estava longe de Helena, mas precisava entender o que estava acontecendo para poder fazer algo acontecer. Três meses antes dela anunciar que estaria indo para Itália para estudar, ele à pediu em namoro e ela prontamente, aceitou.
A distância pareceu estranha e era desconfortável no começo, para se comunicarem e procurarem um modo de se entender enquanto não arrumavam um jeito de estarem juntos. E para facilitar isso, em ambos os sentidos de vida pessoal e acadêmica/profissional, Helena estava aprendendo italiano, gostaria de tentar surpreender seu amado de alguma forma, mas teria que ver depois. Enquanto estavam à caminho do apartamento de Yuki, a garota se pegou pensando em como, mesmo distantes eles faziam aquilo funcionar de algum modo, e isso era o que mais importava pra ela. Sua comunicação foi difícil, mas depois virou sua principal fonte de compreensão e segurança. Eles sempre respeitavam o tempo do outro, e a correria das suas vidas. Realmente mal podia esperar para sentir essa relação mais de perto. Ishikawa não fazia ideia dos planos dela para se transferir para a Universidade de Perugia, mas ela quis esperar para estar tudo certo antes de contar.
Chegaram no apartamento em pouco tempo, Yuki pegou tudo que precisava dentro do carro, e agarrou a mão da amada, à guiando para dentro de sua casa, a mesma que ela esteve 8 meses atrás e tudo isso teve início. Enquanto esperavam o elevador, Yuki se mantinha abraçado com a moça, não querendo perder nenhum contato com o seu calor. Às vezes depositava um beijo no topo da sua cabeça, deixava o polegar fazer carinho em sua mão, sempre por perto. Ele nunca foi muito de fazer isso, mas mesmo não estando tão próximo fisicamente de Helena, ele ainda assim se sentia confortável e confiante, para fazer tudo. Com o elevador vazio até chegar no seu andar, ele roubava um selar rápido vez ou outra da moça, que ria baixo pela atitude do namorado, mas sem parar ele, afinal, estava com muita saudade de tudo aquilo.
Ao abrir a porta do apartamento e deixar ela se acomodar na sua sala, Yuki foi preparar algumas coisas na cozinha e pela primeira vez iria sair um pouco do protocolo e beber um pouco de champagne, apenas para acompanhar a amada. À serviu na mesinha da sala e pediu para ela escolher um filme para assistirem, apagou as luzes e deixou o possível para ter um clima aconchegante, para se sentar no sofá e trazê-la para perto, no seu peito.
"Você vai beber hoje? Estou surpresa." Helena comentou, depois de deixar sua mini mala no quarto do mais velho e voltar pra sala, reparando nas duas taças em cima da mesa.
"Apenas uma taça, para te acompanhar. Ele tem uma porcentagem de álcool pequena então eu aguento, deixei um suco na geladeira para depois." sua mão grande acariciava os cabelos sedosos da namorada que já estava perto dele.
"Yuki você não precisa beber para me acompanhar. Na verdade eu nem preciso beber, principalmente para aproveitar um momento contigo. Você jogou hoje e deve estar cansado, não precisa fazer isso por mim, eu bebo suco ou água sem o menor problema!"
"Não se preocupe, não é um fardo beber um pouco com você, estou fazendo isso para termos um momento legal e romântico mesmo que seja dentro da minha casa. O jogo de hoje não me cansou o suficiente pra não aguentar beber um pouco contigo, e você pode beber à vontade, já que não irá sair daqui nem tão cedo." a garota se ajeitava no sofá, com as pernas dobradas sem os sapatos, em cima do coxim, para ficar de frente para ele, enquanto ele falava com uma de suas mãos mexendo em seus cabelos enquanto servia a bebida com a outra.
"Ah é mesmo senhor Ishikawa? Não estava sabendo disso não viu... Vai me prender aqui é?" suas mãos pequenas em relação ao corpo grande dele faziam linhas aleatórias em seu peito, por cima da blusa fina de botões.
"Vou sim. Vou te trancar dentro da minha casa para você nunca mais sair." sua voz era baixa, rouca, potente ainda assim, e se aproximava sordidamente do rosto da amada, roçando seus narizes.
"Ah então já que é assim, eu vou aceitar então." sua voz também se mantinha baixa, num sussurro que era só para ele ouvir, enquanto sua mão subia lentamente para a nuca do namorado.
"Vai é?" seus olhos subiam e desciam da boca brilhosa dela, com pequenas partículas de álcool visíveis ali, pela proximidade. O que também permitia ver o pequeno decote do seu vestido azul, que ele tentava fortemente ignorar.
"Vou sim..." sua voz foi sumindo até ser calada pelos lábios carnudos de Yuki. Pela primeira vez no dia, um beijo que tinha calor e que mostrava toda a saudade que estavam um do outro.
Pareciam ter guardado esse beijo para quando estivessem sozinhos, apenas para que eles pudessem saborear e sentir naquele momento. Tinha calor, um pouco de pudor e muito desejo. As mãos firmes de Yuki seguravam o corpo de Helena para mantê-la na posição que não era tão confortável, de uma forma menos incômoda, enquanto as dela se revezavam entre seus ombros largos e seu cabelo macio, sempre arrancando suspiros longos e suplicados do rapaz. Suas bocas e seus corpos pareciam imãs, não queriam se soltar de nenhuma maneira, se colavam cada vez mais. Mas o oxigênio não parecia querer que eles continuassem com a demonstração carnal da falta que faziam um para o outro. Se separaram do beijo de forma lenta, depositando selinhos aqui ou ali para ainda manter o contato próximo, as mãos fortes de Yuki acariciavam a cintura de Helena, vez ou outra deslizando pelo tecido macio das vestes, e as dela, afagavam os cabelos sedosos dele, que por conta do ato, estavam bagunçados e ambos, arrepiados.
O rapaz estava ofegante pelo momento que tiveram, o corpo vermelho e sentia o rosto queimar. Tinha um pouco de vergonha por ter deixado a vontade falar mais, mas ele se sentia ainda mais afobado pois queria continuar e ir além com ela. Mas jamais forçaria ela para tal, então apenas saboreou o momento enquanto ela se ajeitava no seu abraço e pegava a taça, para continuarem com a noite. Tentava discretamente abrir um pouco mais dos botões da camisa por conta do calor que sentia no corpo inteiro, mesmo com o tempo estando gélido. Não conseguia focar no que passava na tela, ou na bebida que tomava, ou qualquer coisa que não fosse a sensação das mãos gentis de Helena passando por dentro dos seus fios. Essas mãos que estavam rodeando sua cintura e descansando no seu peito, sua taça estava parcialmente vazia e sua respiração ficava cada vez mais escassa.
"Yuki, eu vou pegar um pouco mais de- o que houve? Tá tudo bem?" a jovem perguntava se desvencilhando do aperto do rapaz, percebendo que estava com a cabeça jogada pra trás do sofá e respirando fundo.
Ele despertou dos pensamentos num susto. "O quê? Sim, sim, está tudo bem! Você precisa de algo? Quer um pouco mais de champagne? Vou pegar pra você, não se preocupe." ele falava rápido, embolado, como se estivesse com pressa pra sair dali, e foi em direção à cozinha pegar um pouco mais de espumante pra namorada.
Helena permaneceu na sala, estupefata, sem nenhuma reação e queria entender o que havia acontecido. Ao perceber que fazia alguns longos minutos pro namorado voltar pra sala com a bebida, já que esqueceu sua taça na mesa de centro, resolveu ir atrás dele. Quando chegou no cômodo, viu ele de costas para ela, escorado na bancada da cozinha, a garrafa do espumante ao seu lado enquanto ele respirava fundo, tão fundo que não percebeu que ela chegou, até sentir um toque suave nas suas costas e os pelos do seu corpo eriçarem por completo.
"Meu bem, você estava demorando e eu vim ver o que tinha acontecido. O que está havendo Yuki? Pode falar pra mim." sua voz era baixa, sem nenhum tom de acusação, apenas preocupação. Sua mão subia e descia nas costas largas e musculosas de Ishikawa, o que não estava melhorando a situação do rapaz.
"Eu sinto que vou enlouquecer. À qualquer momento. Vou perder a cabeça, a noção, o senso, o controle. Tudo. Tudo isso porque desejo você. Quero você. Como nunca quis ninguém antes e isso me assusta." sua voz era rouca, como se tivesse gritado antes de proferir as palavras, que vinham seguidas de um olhar afiado e predatório. Excitante. Helena estremeceu.
"Nem mesmo com noites que tive na vida, senti a combustão que estou sentindo dentro de mim agora. Mas quero me manter respeitável porque é a nossa primeira vez juntos de novo depois de um longo tempo, depois daquela nossa noite. E nada daqueles pensamentos me aflingem mais, me livrei deles à muito tempo. Agora só o que me consome é o desejo que eu estou por você. Esse seu vestidinho não está ajudando, e a saudade profunda que senti de você também não. Mas não posso deixar isso falar mais alto só porque eu quero ou porque estou sentindo, você é o que mais importa aqui." respirações ofegantes pairavam no ar.
"Isso me assusta, não porque não confio no que sinto por você, me assusta porque sei até demais, confio até demais e nada disso é incerto pra mim. Mas não quero atropelar nossos momentos com um desejo incessante que tenho porque não consigo manter minhas calças fechadas. Isso me assusta porque desde que nos beijamos, aquela nossa primeira noite voltou pra mim com ainda mais força, e tive vontade de ter ali mesmo e estou tendo que fazer um esforço sobre-humano para me manter são. O que está havendo é que quero você. Completamente."
Helena sentia seu corpo em brasa, com cada palavra que foi dita. O olhar de Yuki apenas colocava mais gasolina nessa fogueira que ele mesmo acendeu. Ela se sentia tonta, mas acordada o suficiente pra seguir em frente. E em frente ela seguiu, e caminhou, se aproximando mais e mais dele, até que Yuki sentiu suas costas baterem contra a bancada na qual estava escorado, e as mãos de Helena irem para sua blusa, desabotoando cada botãozinho, pacientemente. Sentiu seus lábios grossos selarem sua clavícula repetidas vezes, no mais completo silêncio, enquanto era encarado pelos olhos grandes e de cor de mel. Sentiu um déjà vu da primeira noite que tiveram, e seu corpo vibrou. Seu corpo tremeu quando o último botão foi aberto, e as mãos geladas de Helena passearam pela extensão de seu abdômen, peitoral e ombros, calmamente e então parou. Agarrou sua camisa e se puxou mais para perto do homem, que por reflexo pela posição que estava, segurou fortemente o quadril macio da moça, enquanto ela falava.
"Então eu estou pedindo, implorando se você quiser, Yuki Ishikawa. Perca seu respeito, sua sanidade e sua tão bondosa consideração e me tenha. Pois não sei mais o que fazer pra você entender que estou morrendo para que você me faça sua." sua mão estava fortemente agarrando a blusa branca macia com uma das mãos, e a outra fazia o contato visual não ser perdido segurando o rosto forte do amado.
Yuki revirou os olhos pelo prazer eminente que sentiu quando ouviu as palavras saírem tão cruas e nuas da boca convidativa de sua amásia. Boca essa que ele beijou de forma tão feroz que tinha certeza que havia consumido todo e qualquer ar que estivesse ali. Suas mãos estavam fora de controle, assim como ele começava à ficar, hora passavam pela suas costas e cintura ou então desciam o suficiente para agarrar suas nádegas. O choramingo que saia da boca de Helena era uma melodia única e ele queria mais daquilo. Com suas mãos fortes, levantou brevemente o corpo ofegante da amada o posicionando em cima da bancada e assim parando o beijo devorador que compartilharam.
"Preciso que me diga, que me informe, que me dê certeza que tá tudo bem, que eu posso seguir. Porque não sei se consigo parar mais. Por favor me dê o seu aval. Por favor." sua fala baixa e rápida saia entre cortada com sua respiração pesada, ansiando uma resposta.
"Não existe nenhuma hipótese que me faça parar isso. Quero ser sua Yuki, completamente sua, e quero que seja meu por igual. Por favor." seu pedido saia arrastado, como se suas forças estivessem se esvaindo de si, e para recuperá-la, os lábios macios de seu amado voltaram a se encontrar com os dela.
Seu corpo foi novamente levantado com facilidade e agora guiado para o quarto de Ishikawa, onde já havia estado uma vez, mas agora deitada em sua cama macia, enquanto assistia o namorado se despir em sua frente, ficando apenas de roupa íntima, percebia o quão ele aquele espaço era, e à fez relaxar ainda mais. Depois de se livrar da roupa que estava, Yuki olhou de verdade agora para Helena em sua cama, de um jeito que não prestou atenção na primeira vez que estiveram aqui. Percebeu o quando linda ela era, o quão certo era tê-la ali, deitada em seus lençóis, com os olhos queimando de desejo, implorando por mais dele. E ele prontamente proveu.
Seus beijos começaram das suas pernas, depositava levemente pequenos selares pela extensão de suas belas e grossas coxas, enquanto mantinha o contato visual, sempre indagando confirmação para continuar, que era sempre concedida pelo arqueamento das costas, ou a cabeça jogando pra trás, em pura antecipação pelo prazer. Com o consentimento dado, suas duas mãos pairavam sob a lateral do corpo desenhado da garota, levantando o vestido mais e mais, numa calma enorme, numa antecipação inesperada. Sempre que o tecido subia um pouco de pele à mais, mais um beijo era depositado ali, como que para lembrar que ele esteve ali por mais breve que tenha sido, e o corpo da morena queimava. Ao terminar de passar a peça pela cabeça e braços da moça, o vestido foi jogado cuidadosamente no chão e sua atenção foi devotamente redirecionada para o corpo ofegante que estava embaixo dele.
Yuki agora fazia o caminho reverso, beijaria ela da cabeça aos pés. Seus selares circulavam por toda a face, se demorando mais na boca que soltava os mais adoráveis barulhos que ele havia ouvido na vida. Na curva de seu pescoço arqueado, deixou algumas marcas e mordidas, por puro poder e logo em seguida desceu para ter contato com os seios da amante. Sua boca, salivando, abocanhou facilmente o peito esquerdo, enquanto sua mão livre, instintivamente ia apalpar o direito. Eles eram robustos, um pouco maior do que as mulheres que Ishikawa costumava se relacionar, ela também era, e mesmo assim parecia pequeno, porém perfeito nas mãos grandes e quentes do jogador. Ele poderia dedicar horas aos belos seios da amada, mas algo molhado que estava em contato com sua coxa, parecia precisar mais de atenção.
Helena precisava de alívio, qualquer alívio que ela pudesse encontrar. Com o namorado debruçado sob seu corpo, com uma das pernas musculosas no meio das suas ela resolveu procurar um atrito para o desejo úmido entre sua virilha. E como se adivinhasse, ou pelo visto ele cansou de sentir a intimidade roçar em sua perna, resolveu acudir a pobre moça, que estava ofegante pelo desejo e com a fala incompreensível. Ainda depositando beijos na área do seu estômago, causando leves cócegas na garota, ele prontamente foi chegando perto do local que implorava pra ser tocado. E ele o fez, por cima da calcinha, tocou, beijou, acariciou, mas Helena precisava de mais, e ele sabia, mas gostaria de ouvir.
"Yuki por favor..." sua fala arfada e trêmula deixou raios de eletricidade descer pelas costas do moreno, que continuava com as carícias esporadicamente.
"Sim linda? Deseja algo?" sua voz tinha um tom sarcástico entranhado nela, apenas uma provocação sutil.
"Yuki, eu preciso de você, por favor. Não faz assim comigo." sua voz manhosa e seu corpo revirando para conseguir algum tipo de contato deixava a mente de Ishikawa nublada de desejo, que ele prontamente atendeu.
Suas mãos calejadas se prenderam no tecido macio de algodão da sua calcinha azule puxaram pra baixo, novamente depositando beijos molhados e estalados pela extensão de pele que encontrava. Deixou a peça íntima junto do vestido da namorada e voltou pra sua posição. Abriu lentamente as pernas da amada, afagando a parte interna das coxas suaves, onde roçava os lábios na área, e sentia Helena tremer em seus braços. Esses que mantinham ela parada, sem conseguir se movimentar muito ou se desvencilhar da sensação molhada que logo à invadiu. Suas mãos que estavam agarradas no forro da cama, logo foram de encontro para os cabelos volumosos de Yuki, fazendo pressão e puxando um pouco, para ter algo em que se segurar.
A língua quente passeava entre os lábios da vulva com movimentos longos e lentos, para saborear cada momento. Com o braço direito, soltou o agarro que tinha no quadril largo da moça e o levou para a boca entreaberta e arfante, enquanto matinha o contato visual e sua boca no clitóris. Helena recebeu de bom grado dois dedos que Yuki adentrou gentilmente em sua garganta, deixando molhado o suficiente da sua saliva, retirou os dedos, e passando o braço esquerdo por cima do corpo parar mantê-lo no lugar, introduziu lentamente as falanges na intimidade necessitada da namorada. Enquanto deixava ela se acostumar com a sensação, selares eram distribuídos pelas coxas e voltavam para chupar brevemente o clitóris, para ajudar ainda mais a relaxar. Os gemidos arfados que eram proferidos faziam ele se excitar ainda mais, gemendo apenas por ouvir e por sentir, o interior quente e viscoso que apertava seus dedos numa intenção desesperada de não soltar. Assim que recebeu batidinhas no seu antebraço como pedido para continuar, os dedos longos começaram um movimento de vai e vem, sempre parando dentro para fazer um carinho no ponto esponjoso que estava tão aparente, fazendo com que Helena se sentisse perdida, tonta, desestruturada, tudo que passava em sua cabeça era apenas a sensação que lhe era proporcionada.
Uma sensação tão boa que com os carinhos que a boca, língua e dedos habilidosos de Yuki, não demorou para seu orgasmo atingi-la em cheio. Nem chegou sentir ele se formar no pé da barriga, de tão desnorteada que se encontrava, apenas que a sensação estava demais, e ela se sentiu à beira da loucura. Batendo levemente no ombro do rapaz, ela pediu repetidamente para que ele parasse, pois já tinha chegado ao orgasmo, pedido que ele relutantemente acatou, pois poderia passar horas entre as pernas deliciosas da amante. Enquanto ela respirava fundo, de olhos fechados, tentando se recuperar do ápice inerente que sentiu lavar seu corpo, Yuki retirou sua cueca e pegou uma camisinha que tinha na sua mesa de cabeceira, colocando rapidamente em seu membro. Foi ao encontro do rosto abafado da sua namorada, beijando suas bochechas coradas e retirando os cabelos de sua face molhada. Enquanto ela se acalmava, sua mãos perdidas foram em encontro do torso de Yuki, que logo se mostrou na sua frente, recebendo um beijo desnorteado em seguida.
"Você está bem meu amor?" sua mão limpa, fazia um afago leve em suas madeixas esperando a respiração normalizar.
"Estou... Estou. Por favor Yuki, por favor. Preciso de você, por favor..." suas palavras eram desconexas, cortadas no meio, arfantes, mas compreensíveis para ele, que sorriu brevemente e se posicionou novamente no meio das pernas dela.
"Eu sei amor, eu sei. Eu também preciso muito de você, mas você precisa respirar linda. Relaxa um pouquinho e confia em mim. Qualquer mísera dor você aperta meu ombro e eu paro na hora está bem?" ela assentiu rapidamente, com os olhos quase fechados, apenas antecipando o sentimento de ser preenchida.
Yuki pegou um travesseiro entre os vários que estavam dispostos na cama, e posicionou embaixo do quadril de Helena, para com que o prazer fosse ainda mais explosivo. Abriu mais suas pernas enquanto se posicionava na sua entrada, respirou fundo e começou a introduzir seu membro lentamente. A cada centímetro que entrava mais, ambos sentiam as forças se esvairem de seu corpo, numa erupção de prazer. Quando estava completamente inserido dentro dela, Yuki parou e deixou ela se acostumar com a sensação. Alisava sua barriga, a lateral de seu corpo, suas pernas, que deixou envolver sua cintura, e beijando sua clavícula e pescoço, sentindo seu peito subir e descer tal qual o dele. Com seu corpo grande curvado sobre o dela, apenas deixando as respirações ressoarem pelo local. Com a mão trêmula, seus dedos foram de encontro ao cabelo, agora bagunçado, para afirmar que ele podia se mexer, pois não tinha forças pra falar, e foi o que fez.
Começando com movimentos lentos, e com a mão sempre depositada no quadril para adquirir firmeza à cada estocada. Helena passeava as mãos pelo torso esculpido, tentando não se perder completamente no prazer imenso que sentia, com sua cabeça jogada pra trás e os olhos revirados, assim como os do amado. Yuki nunca se considerou uma pessoal vocal na cama, mas com a sensação que passeava pelo seu corpo inteiro, não conseguia evitar a deixar o nome de Helena sair no mais rouco dos gemidos de sua garganta. Enquanto se abaixava procurando a boca de sua amada para beijá-la, as mãos da mesma se fincaram em seus ombros, e os movimentos que estavam contidos, ganharam força e profundidade. Não queria ser rápido, pois queria que aquele momento durasse pra sempre, então apenas aumentou a intensidade, pois estava pra enlouquecer de prazer.
Helena gemia e arfava mais à cada estocada funda que recebia, suas unhas fazendo arte nas costas largas que agora tinha uma pintura desse momento que estavam vivenciando. Yuki respondia do mesmo jeito, gemendo repetidamente o nome dela em seu ouvido, enquanto levava uma das mãos para estimular seu clitóris, pois sentia que estava cada vez mais perto de chegar ao seu limite, mas jamais permitiria que ela não gozasse novamente antes dele. Ver ela perdida de prazer, com os olhos revirados, as mãos sem achar um local para se fincarem, era uma visão que ele jamais queria esquecer. Queria vê-la todos os dias assim, por causa dele, pra que ela soubesse que fazia o mesmo com ele. Sentia a vagina contrair com força seu membro e sabia que ela estava perto de se deixar afogar pelo prazer, e beijando sua face e seus seios vez ou outra, enquanto estimulava seu clitóris, Yuki se aproximou lentamente do ouvido de Helena, mordiscando seu lóbulo, e em voz baixa, proferiu.
"Vai meu amor, goza pra mim por favor. Se deixa ir e goza pra mim." era o estímulo final que Helena precisava. E assim ela fez.
Suas pernas que estavam entrelaçadas na cintura do namorado, se soltaram, tamanha a intensidade do orgasmo. Sentiu seu coração acelerar à ponto de ficar ainda mais ofegante, seu corpo tremia, e sua visão ficou levemente turva. Teve algumas relações na sua vida, e sempre soube se satisfazer sozinha, mas jamais havia experimentado a sensação que teve com aquele orgasmo, guiado gentilmente pela voz grossa e dedos ágeis de Yuki. Sentiu seu corpo ficar leve, flutuando pelo ar, mesmo a superestimulação já fazendo efeito em si. Com os olhos fechados apenas sentindo o calor de Yuki perto do seu, enquanto ele depositava mais algumas estocadas enquanto chegava ao seu ápice, sempre proferindo palavras doces em seu ouvido.
"Você foi tão bem linda, gozou tão bem pra mim. To muito orgulhoso de você." sua voz já ficava enguiçada, a respiração entre cortada e os sentidos e o corpo sensíveis ao toque.
Com mais algumas estocadas e com ajuda do toque suave em suas costas, Ishikawa se desfez por inteiro. Seu corpo inteiro estremeceu enquanto os últimos momentos do seu orgasmo banhava seu corpo. Assim que se recuperou, olhou para Helena que estava embaixo de si, alisando seu rosto, beijando sua têmpora e posicionando para sair de dentro dela. Foi ao banheiro, jogou a camisinha usada no lixo e se limpou. Voltou para o quarto um tempo depois com uma toalha úmida e outra mais seca em mãos para limpar a intimidade de sua amada. Com calma, para não estimular e nem causar nenhum tipo de desconforto, enxugou a parte interna completa e devagar retirou o travesseiro debaixo de seu quadril. Levou a almofada para a landeveria e deixou lá para poder cuidar dela amanhã, passou na cozinha e pegou um copo de água e um chocolate para Helena, que recebeu de bom grado mesmo sem muita força. Com ajuda, e insistência, de Yuki, se levantou para ir ao banheiro e fazer suas necessidades. Ele esperava do lado de fora, já vestido, e assim que ela terminou, a carregou novamente para cama, depositando um beijo em sua testa e se ajeitou ao seu lado para dormirem uma noite de sono merecida.
* - - ⓨ - - *
Acordando na manhã seguinte, Helena se sentia perdida, sem lembrar direito onde estava, e ai com um pouco mais de tempo, recordou que estava na cama de seu namorado, e tudo que aconteceu na noite passada. Sentiu sua bochecha queimar com a lembrança, mas não tinha se arrependido de nada. Olhou ao redor e não encontrou o corpo que estava lhe abraçando durante a noite, do seu lado, então com muito custo resolveu levantar. Foi no banheiro primeiro, escovou os dentes e tentou melhorar a aparência, e na pressa para saber qual era o cheiro bom que sentia, não pegou sua roupa de ontem, apenas uma blusa que encontrou por ali. Pelo tamanho que ficou em seu corpo, um pouco acima das suas coxas, soube que era de Yuki, vestiu sua calcinha e saiu do quarto pra cozinha e teve a visão das costas marcadas como a primeira coisa que viu. Se aproximando lentamente dele, o abraçou por trás, depositando alguns beijos na extensão de seus ombros, onde conseguia alcançar na ponta dos pés, e sentiu Yuki ressoar com uma risada baixa.
"Bom dia flor do dia, eu estava terminando aqui pra levar o café pra você na cama." falou inclinando a cabeça pro lado para conseguir vê-la melhor.
"Ai olha só que romântico ele é." se desvencilhou do abraço e subiu rapidamente na bancada livre que estava perto do fogão. Seu corpo queimou pelo olhar gradativo que Yuki ofereceu ao seu corpo, mas deixou passar. "Eu adoraria ter ficado lá e esperado para ver essa cena, mas senti falta de você na cama e resolvi te procurar, e adorei a visão que tive assim que desci." com o fogão agora desligado, e a atenção do moreno única pra ela, com seus braços musculosos a envolvendo, ela passou os braços por volta do seu pescoço.
"Ah você gostou é? Bom, pode se acostumar então, pois essa visão vai ser recorrente pra você." alternava a fala com beijos intercalados entre o rosto e pescoço da garota, arrancando risinhos gostosos.
"Agora sim eu vi alguma vantagem."
"Ah eu também vi vantagem, bastante até..." sua voz baixa se fez enquanto descia seu olhar pelo corpo adornado pela sua vestimenta de ontem à noite. "Inclusive, minha visão está bem melhor que a sua. Gostei muito de você na minha camisa."
"Estou pensando em ficar com ela, combinou muito comigo." balançava suas sobrancelhas de forma cômica, e ele concordou rindo.
"Eu também achei, mas acho que você fica muito melhor sem ela viu?" seu tom leve rendeu um tapa fraco em seu peito, com uma cara de indignação pela parte de Helena.
"Yuki!"
"Que foi, ta com vergonha?"
"Ai você é impossível sério."
"É, efeito seu." com a voz agora mais suave, a troca de olhares foi inevitável, e se perdurou por um tempo até ele quebrar se aproximando para um beijo. Aproveitaram o selar com calma, sem pressa, explorando cada canto da boca do outro. Se separaram com pequenos selinhos e sorrisos abertos.
"Você também tem um efeito enorme em mim, você nem imagina. Muito obrigada pela noite de ontem Yuki, por me respeitar tanto, e ser tão gentil comigo. Eu só consigo me apaixonar cada vez mais por você. E mal posso esperar pra fazer a transferência para a Universidade daqui e construir ainda mais uma relação com você." o choque era evidente no rosto do homem, mas o sorriso que adornava seu rosto era bem maior.
"Você vai vir pra cá? Você não está brincando comigo não é?" ela negou com a cabeça, feliz pela reação que ele teve. "Meu amor, meu Deus!" ele levantou ela rapidamente da bancada, abraçando ela e rodando um pouco. Colocou ela novamente no chão enchendo a mesma de beijo.
"Eu não fiz a transferência para cá apenas por causa da gente, pois não sei o que o futuro guarda pra nós, mas eu quero arriscar isso que eu estou sentindo e quero fazer funcionar."
"Eu também quero meu amor, eu também quero e eu prometo que vou me esforçar pra gente crescer muito juntos. Eu te amo tanto, tanto. Muito obrigada por isso. Por ontem, por hoje e por todos os dias que teremos juntos." as testas coladas e os corpos envolvidos um pelo outro.
"Eu também te amo Yuki, muito." e com mais um selar, eles estavam ali prontos pra começar mais um momento em suas vidas.
Juntos.


Bom gente, esse foi o do momento. Espero que vocês curtam a leitura. Eu não coloquei muito diálogo porque eu tenho um pouco de vergonha de escrever esse tipo de conteúdo 🙃 mas foi isso.
Os visuais que eu separei para vocês, mas pode imaginar como vocês quiserem!


| RJN (JVA) ONE SHOT'S

• Lista com todos os One Shot's que tenho (e terei) em relação aos jogadores da seleção japonesa masculina de voleibal.
• Ran Takahashi: Enchanted - Onde Ran e Melissa se conhecem em um treino de vôlei. | sfw, fluff

• Yuki Ishikawa: King (Queen) Of My Heart - Onde Yuki relutante para o amor, não consegue evitar em uma única vez, se apaixonar por Helena. | sfw, fluff, um pouco de angst, um pouco suggestive

• Yuki Ishikawa: Dress - Yuki e Helena finalmente se reencontram, e resolvem deixar o coração falar mais alto. | continuação direta de King (Queen) Of My Heart, NSFW, fluff, smut, MDNI!


my whole fyp is just edits of the Japanese men's volleyball team and I'm NOT complaining