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26. Meu espaço sem regra, livre e desbalizado. Por vezesExcertos de páginas perdidas.
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Os Meus Filhos, So Nada Mais Nada Menos Que Um Bando De Perdulrios Solta! Bramia O Pai De Fausto, Patriarca
Os meus filhos, são nada mais nada menos que um bando de perdulários à solta! — bramia o pai de Fausto, patriarca daquela vetusta casa familiar, olhando incessantemente para a porta de onde tinham acabado de sair os seus convivas apressados. Estava já tão bêbado, quanto, na verdade, era alta a sua consideração pelos seus filhos e os seus bons sucessos, profissionais e passionais. Os passionais, bem... Poderia um homem, pai de família, censurar os seus filhos, na flor da juventude, pelas suas fugazes e sempiternas predilecções por experiencar mais e melhores exemplares de beleza feminina? Nos seus momentos mais lúcidos, durante o dia, confiava plenamente na sensatez e bom gosto dos seus filhos, que o futuro deles mais bem pensado resultaria dos mais nobres laços familiares. O patriarca jazia agora reclinado na sua cadeira, acompanhado apenas por um garrafão de tinto que sobrava junto de si, numa mesa que se apresentava diante dele como um campo pós-batalha; as mais variadas cascas de frutos secos amontoavam-se, aqui e ali, onde eram menos dispersas, como os soldados mortos de uma guerra bem perdida para os dois lados; as manchas de vinho entornado, o sangue derramado pelas conversas efusivas, bruscos movimentos braçais, levantares abruptos da mesa...
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laazaruspt liked this · 1 year ago
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12. ?
My 5 favorite songs right now😘:
1. 'Semana em Semana' — Capitão Fausto
2. 'Certeza' — Capitão Fausto
3. 'Archie, Marry Me' — Alvvays
4. 'Masquerade, Ballet Music - Suite from the Music to the "Drama of Lermontov": I. Waltz' — Aram Khachaturian
5. 'Change' — Anika
Em 17 de Dezembro de 1824 dizia Goethe ao chanceler Von Müller que «tudo o que o mundo do passado e do presente produziu» é propriedade legítima de quem escreve. «Só através da apropriação dos tesouros alheios se pode produzir uma grande obra». E pouco antes da sua morte, numa conversa em francês com Frédéric Soret (17 de Fevereiro de 1832), Goethe explica-se ainda melhor: «Que fiz eu? Recolhi e utilizei tudo o que ouvi e observei. As minhas obras são alimentadas por milhares de indivíduos, ignorantes e sábios, pessoas inteligentes e idiotas (...). Fiz muitas vezes a colheita do que outros semearam. A minha obra é a de um ser colectivo, assinada "Goethe".» Tudo encontrará, de facto, lugar nesta obra, em termos de formas poéticas (de Homero ao drama em prosa moderno), de figuras, de conteúdos humanos e de conhecimento.
Excerto da introdução de João Barreto, na edição portuguesa do livro 'Fausto' de Johann W. Goethe.
art, intimacy, romance.
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O livro
“Andámos a lê-lo durante meses, tantas e tantas vezes que o livro ficou sebento, esfrangalhado, perdeu a lombada, começaram a cair fios e a soltar-se os cadernos.”
Elena Ferrante, “A Amiga Genial”; pintura de Constantin Hansen.