Caligrafou - Tumblr Posts
Ultimamente me sinto confortável com a escrita.
Noto uma curiosidade na minha metódica, necessito de alguém e de um lugar. Alguém e um lugar. Minhas necessidades ludibriam minha razão. É nesse ponto que me encontro a gravitar entre nós.
Estocolmo e Buenos Aires oniscientes da minha narrativa.
Não há sujeito.
Minto. (E mentirei incansavelmente até que todos os segredos da mecânica celeste sejam refutados diante dos meus olhos cansados e obsessivos e todas as vezes que precisar sair de casa com minhas roupas pretas que carregam muito mais que minha história, carregam minha alma obscura, caótica e louca que é o que certamente faz com que você me ame)
(Sou fascinante para aqueles que lêem as entrelinhas)
Minto novamente.
Me recuso a delega-los.
Há o tempo.
1993 não soa mais distante. Minha clepsidra permite viajarmos ao longo dos devaneios, é assim que nos encontramos novamente naquela fatídica noite em Hollywood.
Era outubro e ainda é. Os últimos dias se revelariam essenciais em minha vida. Foram tantos 31. O tempo distoa como som do entardecer na minha utopia delirante de fagulhas alaranjadas pelo fogo.
River, ali. A última vez que o vi.
Joaquim, John, Johnny. 31 de outubro de 1993.
eu senti aquele aperto conhecido no peito outra vez, não sei porque eu ainda o sinto. Ao acordar e ouvir a melodia do rádio, cada letra da música tocou nos cantos mais sombrios e guardados do meu coração, me senti sufocar outra vez depois de meses
a sensação de que algo faz falta, eu preciso de algo que não sei dizer o que exatamente.
me sinto frustrada esses dias porque achei que tudo estava melhorando, talvez esteja, eu acredito que está.
bem lentamente
eu só não estou lidando muito bem com esse novo sentimento de perda de tempo, preciso de tempo e estou cada dia mais velha, e sinto que não tenho vivido nada embora tenha aprendido bastante sobre tantas coisas.
esse aperto no peito e a vontade constante de chorar um dia irão embora, essa ausência será preenchida eu sei que tudo vai ficar bem porque estou lutando e rezando por isso.
a espera tem sido dificíl de suportar mas eu aguento.
AL
Eu não posso dizer que sou maior
do que as montanhas
quando meu corpo pesa por horas
nessa cama grande,
as provas, os ônibus lotados e essa maldita insistência minha em querer a todo custo ser gentil
deixa minha boca imóvel
seca
e eu sei quando minha alma pede paz
porque ela chove em plena 6h da manhã
quando tudo deveria ser quentinho e bonito
e tudo o que eu posso dizer
é que já está escuro
e eu ainda não consegui levantar
mas amanhã vai ser melhor,
amanhã vai ser bom.
é, velho safado
eu não fui maior do que as montanhas.
hoje não.
Sobre soníferos e segundas-feiras.
Eu tenho explosivos grudados no peito e estão em contagem regressiva
quando eu encontrar George, direi a ele que a vida é brilhante,
mas viver é um grande teatro e eu sou uma péssima atriz
eu toco violão e canto um pouquinho pra fugir da loucura
George sabe que, até mesmo as cafeterias da cidade estão fechando
e eu estou tentando desesperadamente me manter firme.
agora uma grande nuvem esta sobre minha cidade, trazendo o frio que eu tanto aprecio, eu suspiro profundamente e tomo um café
você não vê, mas o desespero está quase escorrendo dos meus olhos
o meu antigo chanel já está crescido, muitas coisas estão mudando
eu não posso imaginar que próxima tragédia virá pela frente
mas como uma antiga e doce música tocando no fundo de um galpão abandonado
eu o ouço dizer que vai ficar tudo bem
vai ficar tudo bem, querida
você vai ficar bem.
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