Marla De Queiroz - Tumblr Posts
O que me interessa no amor, não é apenas o que ele me dá, mas principalmente, o que ele tira de mim: a carência, a ilusão de autossuficiência, a solidão maciça, a boemia exacerbada para suprir vazios. Ele me tira essa disponibilidade eterna para qualquer um, para qualquer coisa, a qualquer hora. Ele apazigua o meu peito com uma lista breve de prós e contras. Mas me dá escolhas. Eu me percebo transformada pelo que o amor tirou de mim por precisar de espaço amplo e bem cuidado para se instalar. O amor tira de mim a armadura, pois não consigo controlar a vulnerabilidade que vem com ele; tira também a intransigência. O amor me ensina a negociar os prazos, a superar etapas, a confiar nos fatos. O amor tira de mim a vontade de desistir com facilidade, de ir embora antes de sentir vontade, de abandonar sem saber por quê. E é por isso que o amor me assombra tanto quanto delicia. Porque não posso virar as costas pra uma mania quando ela vem de uma pessoa inteira. Porque eu não posso fingir que quero estar sozinha quando o meu ser transborda companhia. O amor me tira coisas que eu não gosto, coisas que eu talvez gostasse, mas me dá em dobro o que nunca tive: um namoramento por ele mesmo. O amor me tira aquilo que não serve mais e que me compunha antes. O amor tirou de mim tudo que era falta.
Do livro Flores de dentro de Marla de Queiroz http://doidademarluquices.blogspot.com.br/2010/10/o-que-o-amor-tirou-de-mim.html?spref=tw
Histórias findas
Outro dia li um texto da Marla de Queiroz em que ela agradecia um monte de coisas "ruins" que tinham acontecido, como términos, dores, expectativas frustradas, "histórias findas antes de se tornarem lindas", etc. Foi tudo isso que, segundo ela, possibilitou o "vazio", o "espaço" para que o novo chegasse e se instalasse, tomando conta de cada pedacinho (ou algo assim...hehehe). . "Ca-ram-ba! Que lindo!", pensei ao acabar de ler. É bem isso. . Quanto tempo a gente investe sofrendo, remoendo, ficando mal por coisas que, muitas vezes, nem eram pra gente. Nem tô falando necessariamente de amor, mas de qq coisa que, vez ou outra, gera uma insatisfaçãozinha, um "será?" ou um nó na garganta. Nhé... . Abrir espaço pro novo parece tão fácil na teoria, mas na prática é outra história, né? Às vezes leva um tempo, é até natural que seja assim. Tristeza faz parte da vida também, mas não pra sempre. Nunca pra sempre. E na pior das hipóteses, vira aprendizado...doloridinho, mas ensinamento. . Uma coisa que aprendi é que, para o novo, é preciso estar pronto. Pra tristeza está ok o comodismo, mas para o novo não, é preciso uma rebeldia, uma vontade de mudança. Então permita-se. Hora certa? Só o instinto dirá, não tem manual pra isso...aliás, pra quase nada (importante) na vida. Vai na cara e na coragem mesmo. . Vou olhar o vazio com outros olhos. O pobrezinho precisa deixar de ser subestimado. É ali que começará o inesperado, aquilo que, na hora certa, trará o calorzinho e a alegria. Mas é preciso fazer por onde...é preciso querer... . O novo precisa de um certo preparo.