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Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ 𝐿𝓊𝓏 Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ O meu cantinho na internet em que discuto tudo o que adoro. Recomendações, citações e opiniões nuas e cruas de livros e, ocasionalmente de séries e filmes. Soa ao teu tipo de coisa? Junta-te a mim! Pontos bónus se tiveres caracóis. (Perfil por smoustart)

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A Srie Para Os (Dro)Nerds

A Série Para Os (Dro)Nerds

Sᴇ́ʀɪᴇ ᴅᴏ Mᴇ̂s: Droners.

A Srie Para Os (Dro)Nerds

Sɪɴᴏᴘsᴇ Oғɪᴄɪᴀʟ: Em Terraqua, um mundo coberto por 95% de água, o génio da eco-tecnologia Wyatt Whale organizou a Whale Cup, competição de corrida de drones que acontece em todas as partes da região, para escolher quem será o seu futuro aprendiz. Cada corrida acontece num local diferente e ser o melhor piloto nem sempre significa que se tem as melhores chances de vencer ... As equipas precisam de analisar o circuito e adaptarem-se ao seu ambiente natural. Eles farão os truques mais loucos e testarão a sua coragem para competir contra os oponentes mais ferozes. Mas os Tikis não procuram apenas a glória: tornarem-se nos novos aprendizes de Wyatt Whale também é a sua única chance de ter acesso a mais eco-tecnologias e encontrar uma maneira de evitar que a sua ilha afunde debaixo de água. O fracasso não é uma opção: o destino do arquipélago dos Tikis depende da sua vitória.

O Qᴜᴇ Mᴇ Aᴛʀᴀɪᴜ: Andava eu pelo Sic K e arredores à procura de novas séries de animação e do nada, apareceram os Droners. Nunca tinha sequer ouvido falar da série mas a sinopse e a capa puseram-me curiosa, quem não adora drones e uma competição dramática de alto risco numa ilha? Ao ver o primeiro episódio também fiquei apegada devido à animação: é linda, colorida e parece feita para pôr o espectador feliz. Para os fãs de Wakfu (sei que há muitos mais fãs do jogo do que da série, principalmente fora de França), isto é para vocês, digo já, a animação parece ser exatamente do mesmo tipo, é parecidíssima, mas com cores mais vivas. (E eu sei do que estou a falar, o meu irmão viu a série mil e uma vezes e ele próprio atesta às semelhanças com os Droners). Por último, o facto de ser uma série francesa inspirou-me logo confiança, tal como no caso das séries sobre futebol, quase todas os programas que vi produzidos por estúdios franceses foram inesperadamente bons: Lolirock, As Espias!, Code Lyoko, Miraculous (ainda que com os seus defeitos)... acho que as séries italianas seguem o mesmo padrão mas isso é conversa para outro dia.

Dᴇsᴛᴀǫᴜᴇs: Há muito a adorar nesta série. Para aqueles que querem séries leves com episódios fomulaicos onde sabem com que podem contar, Droners é para vocês, a maioria dos episódios seguem esta estrutura básica: 1-Há um circuíto novo com desafios inesperados; 2- Os Tikis têm dificuldades na corrida de preparação por terem um drone mais simples que os outros; 3- São obrigados a usar a inteligência e a explorar a natureza das ilhas para encontrar uma solução no ecossistema; 4-Usam a solução inovadora na corrida final e ganham, além de resolverem algum conflito pessoal. Se quiserem passar pela série sem pensar muito, isso é totalmente possível, podem aproveitar as cores e a diversão e ter uma experiência agradável enquanto se imaginam a pilotar os drones. Para mim, séries assim são perfeitas para desanuviar mas para os que, por outro lado, acham isto repetitivo e aborrecido, não se preocupem, porque é aí que reside a magia dos Droners, há uma camada adicional de história a acontecer para quem se quiser envolver. Os primeiros episódios são os mais fraquinhos e habituam o espectador a um ritmo pacato sem grandes surpresas, mas a meio da temporada as coisas mudam, as dicas e informações sobre o funcionamento de Terraqua, um mundo que à primeira vista parece funcionar à base da fantasia e não ter grande conexão ao nosso, aumentam, mostrando que afinal não é um lugar assim tão diferente da nossa Terra. A história do que levou os participantes à competição e do que se passa nas suas respetivas ilhas a nível cultural e até mais é a minha parte favorita desta série, os criadores são espertos e para manter esse interesse vão revelando muito pouco de cada vez, exigindo algum raciocínio para conectar as coisas antes do final explosivo da primeira temporada, onde Wyatt (Wilson pela tradução) parece dar aos Tikis tudo o que eles sempre quiseram, mas ao custo de relações, confiança e até edifícios arruinados, virando tudo de pernas para o ar e redefinindo quem está no papel de vilão e de herói. Além da história e do mundo, os Droners também têm personagens muito interessantes, só a nível de design toda a gente é única e a forma como se apresentam reflete exatamente as suas origens e personalidade. Os quatro protagonistas (que tinham nomes brutais na língua original que por razões que não fazem sentido foram traduzidos para nomes portugueses genéricos) parecem um pouco básicos no início, mas revelam ter passados e habilidades que não se esperavam, especialmente a Clara (porque raio mudaram Corto para Clara?) que vai crescendo e mostrando que não é simplesmente alguém com a mania de barafustar com tudo e todos, é um prodígio que sacrificou muito para chegar onde está e Henrique (não aceito este nome) que literalmente viveu na selva! O resto do elenco é cheio de diversidade e complexidade e é tão satisfatório de conhecer como os protagonistas, especialmente quando está a criar relações com eles (ouvi dizer que na temporada 2 as coisas viram com a Clara e que ela não fica com quem eu queria que ficasse, por favor digam-me que isto não vai ficar um romance de inimigos para amantes, POR FAVOR, ele ser giro não justifica nada). Há também que mencionar a dinâmica dos movimentos dos personagens, quase me esquecia, as batalhas de drones são animadas com uma fluidez e precisão impressionantes.

Cᴏɴᴄʟᴜsᴀ̃ᴏ/Oᴘɪɴɪᴀ̃ᴏ Fɪɴᴀʟ: É uma série ótima e só aceito que não falem muito dela ainda porque é muito recente, especialmente em Portugal. Realmente, os Droners oferecem tudo: há a história de um mundo misterioso, personagens complexas que não têm intenções tão óbvias como aparentam, um bocadinho pequenininho de romance para quem precisar das borboletas, o conceito de amigos que se tornam família por escolha, espíritos antigos e poderosos que antes governavam tudo e que agora se limitam a correr dentro de drones e a ser mal humorados, batalhas em circuitos épicos, um ambiente tão mágico como tecnológico, um monte de miúdos com mais às costas do que deviam, uma ilha literalmente feita de doces com gomas ursinho agressivas... O que se pode pedir mais? Bem, outra temporada, mas para isso têm de ver a que está disponível agora. Para quem quer uma série com a estética de Wakfu, criaturas que atuam quase como Pokémons e um mundo em risco estilo Ōban Star-Racers.

E é tudo, despeço-me com o mimo que é esta animação!

Assɪɴᴀᴅᴏ: Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ 𝐿𝓊𝓏 Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ

A Srie Para Os (Dro)Nerds
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1 year ago

"Vou ser bondosa, vou ser corajosa, vou ser imparável"

Connie Glynn, "A Guardiã da Princesa" (As Crónicas de Rosewood #1)

Achei que para o primeiro post do meu novo blog isto era a mensagem perfeita, não só para mim, mas para todos que estão a iniciar novas etapas na vida (ou que apenas precisam de uma motivação extra para se levantarem da cama hoje c;)

Assɪɴᴀᴅᴏ: Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ 𝐿𝓊𝓏 Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ


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1 year ago

"Sorri. Sei que está a brincar, mas que também fala a sério. Beijo-o. É um dos nossos melhores beijos até agora, porque volta a ter o sabor de amora. Amora. Amor(a). Faz todo o sentido. Por isso, faço o beijo durar. Pela amora. Pelo amor que começo a sentir, que ainda é segredo para ele, mas que os meus lábios parecem estar prestes a revelar. Não penso em nada mais. Neste momento somos só nós. E nunca estive tão bem acompanhada."

Marta Coelho, "A Ilha das Quatro Estações"

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1 year ago

"Quando Éramos Mentirosos"

"Quando Ramos Mentirosos"

Sɪɴᴏᴘsᴇ Oғɪᴄɪᴀʟ: A família Sinclair parece perfeita. Ninguém falha, levanta a voz ou cai no ridículo. Os Sinclair são atléticos, atraentes e felizes. A sua fortuna é antiga. Os seus verões são passados numa ilha privada, onde se reúnem todos os anos sem exceção. É sob o encantamento da ilha que Cadence, a mais jovem herdeira da fortuna familiar, comete um erro: apaixona-se desesperadamente.

Cadence é brilhante, mas secretamente frágil e atormentada. Gat é determinado, mas abertamente impetuoso e inconveniente. A relação de ambos põe em causa as rígidas normas do clã. E isso simplesmente não pode acontecer. Os Sinclair parecem ter tudo. E têm, de facto. Têm segredos. Escondem tragédias. Vivem mentiras. E a maior de todas as mentiras é tão intolerável que não pode ser revelada. Nem mesmo a si.

Aᴜᴛᴏʀᴀ: E. Lockhart

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ALERTA SPOILERS!

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O Mᴇᴜ Rᴇsᴜᴍᴏ: "Quando Éramos Mentirosos" segue a vida de Cadence Sinclair, de quase 18 anos, revelando de forma dividida o seu presente e o seu passado, alternando sucessivamente entre os dois e visões um tanto irrealistas que a protagonista insiste em ter. Logo nas primeiras páginas são-nos dadas a conhecer as pessoas mais importantes da vida de Cadence: o seu pai, que mais pela absência do que pela presença se vincula no espírito da filha, Johnny, o primo extrovertido e disparatado que sempre fez parte da sua vida, Mirren, a prima docemente complicada que lhe enche o coração, e por fim Gat, um "forasteiro" que por sorte ou azar se infiltrou na família e que imprimiu uma marca irreversível em Cadence. Cedo na história, a autora alude a um "acidente" misterioso de que a protagonista não se lembra vividamente e que lhe causou danos profundos, não só a nível cerebral mas também à disposição, substituindo-lhe as madeixas cor de ouro, o sorriso aberto e o espírito traquina por uma cabeleira preta, uma boca melancólica e um vazio no seu coração. É rapidamente estabelecido que Cadence depende de medicação, algo que não orgulha os Sinclairs, uma família que só é perfeita se se olhar de longe e que usa a elegância, as ilhas e as mansões para esconder os "cadáveres" que lhes mancham a imagem. O evento enigmático torna-se então o tema central da história, que continua a recuar e a avançar no tempo, enquanto Cadence volta, no presente, à ilha em que todos os verões a sua vida realmente acontecia, e da qual esteve absente por alguns anos. Lá reúne-se com a família, que se comporta de maneira mais bizarra do que o habitual, e com o trio que lhe é tão querido, que se mostra fraco e insiste em afastar-se dos dramas adultos. Aí, o romance com Gat desenvolve-se e com a paixão vêm problemas há muito enterrados na sua consciência. Esforçando-se ao máximo por recuperar o estado feliz que a caracterizava e as memórias do que foi o tal acidente, algo que todos se recusam a revelar, Cadence caminha em direção ao clímax do livro, onde uma revelação obscura e profundamente traumatizante a espera, não a deixando escapar à destruição do frágil castelo de cartas que constitui o que ela sabe.

Cʀɪᴛᴇ́ʀɪᴏs ᴅᴇ Cʟᴀssɪғɪᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ:

Qᴜᴀʟɪᴅᴀᴅᴇ ᴅᴀ Pʀᴏsᴀ: Absolutamente linda! Pode não ser o estilo de todos mas eu pessoalmente adoro uma escrita floreada que não passe o limite da beleza para a palha, e este livro cumpre nisso. O estilo da autora é super visual, e algo perturbador quando as cenas são dramáticas, o que só prova a força da forma como ela executa as linhas.

Hɪsᴛᴏ́ʀɪᴀ: Eu achei a história em si ótima, agora, houve muitas coisas que não ficaram esclarecidas e isso para muitos pode significar um livro mal planeado ou negligência da autora. Eu tendo a inclinar-me para o lado oposto, acho que foi totalmente propositado não conseguirmos distinguir a realidade da imaginação da Cadence e ficarmos a perguntarmo-nos se existem fenómenos sobrenaturais ou se é ela a alucinar. Até porque o livro tem um seguimento, ou uma prequela no caso, que supostamente esclarece muitas das questões.

Pᴇʀsᴏɴᴀɢᴇɴs: Eu adorei todas as personagens (tirando as que é suposto nós odiarmos). Parecem todas ter os seus propósitos, as suas motivações e vidas fora do que se passa com a protagonista. A maior parte disto é encoberto, não é suposto a Cadence conhecer o que se passa à sua volta, isso é muito intencional, mas de cada vez que a Mirren, o Johnny, e especialmente o Gat, entraram em cena, eu fiquei entusiasmada com o que poderia acontecer.

Rᴏᴍᴀɴᴄᴇ: A relação de Gat e Cadence é definitivamente um foco da história, especialmente por causa da grande revelação, que gira muito à volta da intensidade dos sentimentos que eles têm um pelo outro. Esta é explorada, claro, mas na grossura do livro, acaba por não ocupar tanto espaço como eu pessoalmente gostaria, deixa algo mais a desejar e muitas questões relativamente a quanto do que se passava com eles era real.

Iᴍᴇʀsᴀ̃ᴏ: Devido principalmente ao estilo de prosa da escritora, é muito fácil entrarmos no mundo que nos é descrito, ficamos realmente envolvidos no que se passa e eu nunca tive de fazer um esforço para imaginar o que me estava a ser dito.

Iᴍᴘᴀᴄᴛᴏ: Não vou mentir, depois do fim fiquei 1 hora a olhar para o livro a sentir-me perdida, e um bocadinho parva, porque era impossível aquilo ter acabado como acabou, por isso devia-me ter escapado algo. Não, não escapou. Quando percebi isso, fiquei cerca de 3 dias presa numa espécie de melancolia pós-história, porque o livro me tinha agarrado com tamanha força que não sabia o que fazer com a sua conclusão, e que conclusão! Depois de isso passar e ter começado outros livros, o impacto deste foi-se suavizando e agora, olhando para trás, não me parece que tenha sido um daqueles livros que nos mudam para sempre, só um daqueles em que o autor é esperto o suficiente para nos deixar perturbados tempo que chegue para o divulgarmos.

Cʟᴀssɪғɪᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ Fɪɴᴀʟ: ⭐⭐⭐⭐

Iᴅᴀᴅᴇ Aᴄᴏɴsᴇʟʜᴀᴅᴀ: Pelo menos 16 anos, a história toca em alguns temas sensíveis e tem descrições floreadas que são um tanto fortes, não é de todo um livro para todos apesar de existirem por aí uns imensamente mais perturbadores.

Cᴏɴᴄʟᴜsᴀ̃ᴏ/Oᴘɪɴɪᴀ̃ᴏ Fɪɴᴀʟ: Geralmente, como deu para ver, foi um livro que eu apreciei bastante, não é algo tão dramático como isso para gente que já tenha lido, por exemplo, certos clássicos, mas para quem só lê coisas ligeiras, esta obra choca um pouco. Depois disto tudo posso dizer, RECOMENDO ESTE LIVRO!

Pᴀʀᴀ ᴏʙᴛᴇʀ: Quando Éramos Mentirosos, E. Lockhart - Livro - Bertrand

Assɪɴᴀᴅᴏ: Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ 𝐿𝓊𝓏 Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ


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1 year ago

"A Ilha Das Quatro Estações"

"A Ilha Das Quatro Estaes"

Sɪɴᴏᴘsᴇ Oғɪᴄɪᴀʟ: Onde todos os sonhos são possíveis. Este é o livro com que todos os jovens se conseguem identificar, uma história atual e relevante sobre os receios, as paixões, as fragilidades e a força de quatro jovens à procura de um novo rumo. Cat sentia-se sem rumo e não queria ver ninguém. Tiago só desejava poder voltar a viver como antes. Misha isolara-se do mundo à sua volta. Rute precisava de vencer uma batalha muito dolorosa. Os seus caminhos cruzam-se na ilha e, juntos, preparam-se para enfrentar os seus demónios pessoais. Mas há quem tenha outros planos para eles… Será que a tua vida pode mudar quando tudo parece correr mal?

Aᴜᴛᴏʀᴀ: Marta Coelho.

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ALERTA SPOILERS!

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O Mᴇᴜ Rᴇsᴜᴍᴏ: A Ilha das Quatro Estações é um lugar diferente. Conhecida por ser um retiro terapêutico para os filhos problemáticos dos abastados, a Ilha abre agora as portas para que todos os jovens possam beneficiar das suas soluções únicas para as consequências de eventos traumáticos, por uma pequena fortuna. A Catarina está quebrada, esconde nos seus olhos de gata a dor de perder quem a fazia mais feliz no mundo. O Santiago sofre, é assombrado por pesadelos e um sentimento de culpa profundo que não sabe de onde vem. É assim que os dois protagonistas acabam na Ilha, e se conhecem na orientação, acabando por "assaltar" a despensa juntos e criar de imediato uma dinâmica especial onde se sentem estranhamente confortáveis em ser vulneráveis um com o outro e se fazem rir com uma facilidade inesperada para a situação. A Ilha está dividida em quatro partes, cada uma correspondente a uma estação, e no primeiro dos quatro meses que os esperam, Santiago e Catarina são mandados para a Primavera e escolhidos como parceiros de trabalho um do outro e de Misha, um rapaz ainda mais misterioso do que eles. Misha não reage, não fala, nem se parece mexer, mas com os esforços conjuntos de Santi e Cat, começa a sair da concha e a comunicar, especialmente quando Rute, com a sua imensa sensibilidade, franqueza e positividade, se insere no grupo no Verão. Enquanto estão na Primavera, os membros do trio começam a abrir-se e a dar luta à dor que os prende, forjando a sua amizade pelo caminho e alguns sentimentos cor de rosa. Já no Verão, um acidente obriga-os a tirar o foco dos seus problemas e a valorizar as amizades que construíram e, para um certo duo, a olhar de frente para os sentimentos que florescem, além de testar a força das suas relações com a introdução de Rute, que acaba por encaixar no grupo como se sempre tivesse pertencido ao puzzle. É nessa altura que, por defesa à nova aquisição do grupo, os quatro se unem permanentemente e formam um pacto silencioso de se protegerem sempre, acabando o seu tempo nessa parte da Ilha o mais felizes que já estiveram. No Outono, as coisas começam a mudar: parece haver algo mais a acontecer na retaguarda e Lili muda o seu comportamento, como se quisesse esconder algo, mas mesmo depois de o grupo desvendar o problema da rapariga, as coisas continuam a não bater certo, o que se confirma quando Santi e Cat começam a receber bilhetes anónimos. No Inverno, todas as pequenas fissuras que a estadia no Outono criou são amplificadas, e levam a uma destruição aparentemente irreparável: Santi não consegue voltar a aproximar-se de Cat, o grupo divide-se, corações quebram, as mensagens anónimas aumentam e a Ilha....revela não ser o que parece. Tudo o que resta ao grupo fazer na altura de voltar a casa é apanhar os estilhaços da sua estadia na Ilha e tentar encaixá-los, com a esperança que o resultado faça sentido.

Cʀɪᴛᴇ́ʀɪᴏs ᴅᴇ Cʟᴀssɪғɪᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ:

Qᴜᴀʟɪᴅᴀᴅᴇ ᴅᴀ Pʀᴏsᴀ: A prosa da Marta Coelho é muito bonita, muito poética e cheia de sensações, a única crítica que lhe consigo apontar é o facto de, por vezes, com o objetivo que o leitor perceba a profundidade das emoções dos protagonistas, se tornar um pouco repetitiva e redundante. Para quem é apreciador e está habituado a um estilo de escrita mais descritivo, como eu, a dramatização e extensão de certos momentos não incomoda muito, mas para quem tiver a tendência de fugir de obras que se alongam, este não é o livro certo.

Hɪsᴛᴏ́ʀɪᴀ: Só em termos de conceito, uma ilha com um funcionamento particular que não entra no género da fantasia, já é um fator atrativo para mim. Relativamente à história em si, foi super interessante, apesar de eu ter desejado que tivesse entrado um pouco mais nos detalhes de como a Ilha opera, mas isso é parte do mistério. Além do livro se focar nas batalhas interiores e únicas de cada um dos quatro jovens (estão todos a passar por algo diferente então qualquer pessoa consegue arranjar um personagem com quem se identifica) e na progressão que estes fazem, o que mostra que não é impossível melhorar mesmo quando tudo parece perdido, há um lado de suspense na história que eu não esperava de todo. É uma montanha-russa que não nos deixa descansar, quando parece que as coisas assentaram, reparamos que não, claro que não, ainda faltam 200 páginas. Sempre que há uma reviravolta, o leitor questiona o que já tinha adquirido como facto e mesmo no fim, não são dados grandes esclarecimentos, então nunca fica aborrecido. Se eu fizesse este post a meio do livro, diria que a obra dá a mão ao leitor e lhe oferece coragem e um bom abraço, mas por o elemento de incerteza ser inserido para o final e virar tudo do avesso, além de destruir a evolução de alguns personagens, essa já não me parece a descrição que melhor se aplica.

Pᴇʀsᴏɴᴀɢᴇɴs: Os personagens são o ponto forte da "Ilha das Quatro Estações", a história é 100% movida por eles, em vez de por ação (talvez um pouco para o fim). Há algo muito interessante a acontecer neste livro relativamente às personagens: Para Catarina e Rute, terem-se entregado completamente às relações onde estavam foi o que as fez sofrer e as colocou no fundo do poço, enquanto a vulnerabilidade nas novas relações que construíram foi o que as retirou de lá (e voltou a colocar, para uma delas). Para Santiago, foi a sua espontaneidade que o levou à situação que lhe retirou a memória e atribuiu culpa, sendo essa mesma espontaneidade o que lhe permitiu encontrar pessoas que o fazem sentir mais leve e aproveitar o presente. Já Misha, foi traído pelas suas grandes aspirações, que se transformaram em pó por serem tão rapidamente realizadas, é através de novos sonhos, e o trabalho por trás deles, que consegue reconquistar alguma felicidade. Estão a perceber onde quero chegar? A autora, propositadamente ou não, torna os calcanhares de Aquiles dos protagonistas nas características que os tornam fortes, mostrando que nada é inerentemente negativo ou positivo, tudo é neutro, e depende de como e com quem é usado. Acho que essa é uma lição importantíssima que o quarteto principal ensina, e fá-lo de forma subtil, o que significa que pode passar ao lado dos que estiverem menos atentos (o meu tipo de lições favoritas nos livros, ninguém gosta de ter as coisas atiradas à cara). Além disso, as jornadas de cada um estão feitas de forma exímia, ninguém melhora de um dia para o outro, é um processo lento, pausado, requer muito esforço e apoio, e é focado no sentido de ter cada vez menos dias maus, em vez de o objetivo ser atingir a felicidade absoluta logo. Uma outra coisa que eu adoro nestes amigos, é a inteligência emocional de cada um (na maior parte dos momentos, têm cérebros ainda a desenvolver), eles dão o seu melhor para comunicar, fazem-no de forma eficiente, não têm a tendência para dramas supérfluos e amuos e, acima de tudo, dão o seu melhor para pensar na forma como o outro se sente. Precisamos, com urgência, de mais protagonistas na faixa etária destes (17-18 anos) com este nível de maturidade, porque, honestamente, os que andam por aí não têm metade destas qualidades e são esses que andam a servir de exemplo a quem os lê. Fora os protagonistas (e Rute e Misha, eles contam apesar de não terem exatamente uma voz narrativa), todos os outros intervenientes na história têm os seus próprios problemas, batalhas, evoluções e, principalmente, segredos, e não são arrumados para o lado como acessórios, o quarteto tira realmente o tempo para os conhecer e dá para ver que nos momentos em que eles aparecem no livro, há um objetivo maior do que simplesmente fazer os protagonistas brilhar. Aprecio sempre os autores que procuram fazer isso. Uma última coisa a mencionar (eu disse que os personagens eram o foco do livro), adoro quando um autor tem a coragem de magoar os seus protagonistas, o crescimento de um certo alguém, que eu não vou revelar quem, não é sempre a subir, pelo contrário, há um declínio agressivo no fim do livro que coloca a personagem num buraco muito fundo e lhe retira o chão. Tenho de valorizar isso porque dá um sentido de realismo e quase acrescenta pele, sangue e vida à personagem, torna-a humana ao revelar que não há um final feliz guardado num cofre especial na última página, que a espera simplesmente porque é a sua história. Ela recebe tanto, ou menos, como os outros, independentemente de narrar acontecimentos e partilhar os seus segredos.

Rᴏᴍᴀɴᴄᴇ: A relação do Santiago e da Catarina é adorável, cheia de piadas privadas, referências a fruta, flores e gatos que fazem o leitor rir, e momentos que provocam gritinhos demasiado agudos para quem tem vizinhos porque vá-se lá entender, a Marta Coelho decidiu fazer o Santi mais perfeito do que devia. Para além do que está à superfície, estes dois têm fundações sólidas na sua relação: há sempre apoio, abertura, vulnerabilidade, não existem segredos, só surpresas, e o afeto e a comunicação estão sempre presentes. Até haverem interferências, é uma das relações mais saudáveis que já vi num livro, mais uma questão que me faz pensar "Porque raio é que isto não é um bestseller em vez dos livros com homens que gostam de fazer sons de lobo?". Mas pronto, o único defeito, se é que lhe posso chamar defeito em vez de aspeto a trabalhar, que este par tem é o facto de, por estarem em posições tão doridas quando se conheceram, terem alicerçado tanto da sua cura um no outro, o que leva a alguma dependência da presença do outro. A relação deles é a principal mas também há mais dois pares que hesitam em molhar o pezinho na água do romance, apesar de qualquer parvo perceber que há sentimentos. Relativamente ao primeiro, agora não digo nomes, é curioso ver que os sentimentos do rapaz são algo que o motiva a ser melhor, e não uma força ditadora, ele entende que a rapariga não está num lugar onde se vê numa relação romântica e está disposto a apoiá-la ao máximo até ela estar pronta, ou mesmo para sempre, ele consegue respeitar se ela nunca quiser estar com ele. Com Lili e um certo cozinheiro, há uma camada de maior maturidade e dor entre eles, e durante o livro caminham para encontrar terreno firme para reconstruir a confiança e a paz, deixando a porta com uma pequena fresta aberta para o futuro. Em suma, este livro apresenta diferentes relações românticas, todas com muito a dizer sobre si e atrativas ao leitor.

Iᴍᴇʀsᴀ̃ᴏ: O livro é longo, longooooooooooooo, mas, tirando o facto de certos parágrafos se alongarem como já mencionei, há sempre algo a prender o leitor, uma relação, uma revelação, um mistério.... É difícil abandonar as páginas.

Iᴍᴘᴀᴄᴛᴏ: Outro livro que já li antes, até sei que foi lido pela primeira vez há cinco anos atrás, e nunca me esqueci dele. Foi tão bom lê-lo como pela primeira vez, até melhor por ter uma compreensão maior agora, e mesmo sabendo o que vinha aí, as minhas reações foram instintivas e a emoção não deixou de vir. É algo que devia estar na estante de qualquer pessoa a crescer, sem dúvida.

Cʟᴀssɪғɪᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ Fɪɴᴀʟ: ⭐⭐⭐⭐+ ½

Iᴅᴀᴅᴇ Aᴄᴏɴsᴇʟʜᴀᴅᴀ: Pelo menos 15 anos, acho que não faz mesmo sentido ler algo só porque tecnicamente se pode, para realmente apreciar um livro e utilizar o tempo em vez de o gastar, o ideal é haver um certo entendimento e, além das menções de dores e situações profundas, o livro também aborda temas como o abuso, de forma rápida mas marcante (e real, não há aqui romantizações e "ele estar traumatizado justifica eu ser tratada como lixo", vamos parar de confundir falar de um tópico e falar dele bem).

Cᴏɴᴄʟᴜsᴀ̃ᴏ/Oᴘɪɴɪᴀ̃ᴏ Fɪɴᴀʟ: É uma obra que me diz muito e acho que vale realmente a pena pegar nela, o facto de ter uma autora portuguesa não alude a favoritismos já agora, só tenho uns dois livros portugueses na minha estante porque acredito que os lugares devem ser merecidos, e até agora os autores portugueses ainda não vingaram, então o facto da Marta Coelho ter ultrapassado a minha resistência a mais experiências nacionais é uma grande conquista. Assim, sem mais demoras, RECOMENDO (embora o meu coração parta com o facto de pelos vistos não haver uma sequela planeada para responder às minhas dúvidas).

Pᴀʀᴀ ᴏʙᴛᴇʀ: A Ilha das Quatro Estações, Marta Coelho - Livro - Bertrand

Assɪɴᴀᴅᴏ: Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ 𝐿𝓊𝓏 Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ


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1 year ago

"A Princesinha"

"A Princesinha"

Sɪɴᴏᴘsᴇ Oғɪᴄɪᴀʟ: Sara Crewe é uma menina encantadora, que estuda no colégio interno da diretora Minchin. Quando o pai morre e ela perde tudo, Sara fica desprotegida, à mercê da cruel diretora do colégio que a explora, rebaixa e quase mata à fome. Contudo a imaginação, a inteligência e a bondade de Sara vão ajudá-la a superar os desafios da sua nova vida. E as boas ações são sempre recompensadas.

Aᴜᴛᴏʀᴀ: Frances Hodgson Burnett.

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ALERTA SPOILERS!

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O Mᴇᴜ Rᴇsᴜᴍᴏ: Vestidos de veludo, chapéus com penas de avestruz, tutores, criadas, amas, animais exóticos, carruagens privadas, mansões... Tais bênçãos só estão disponíveis à classe mais alta da sociedade, o resto só pode ver esse tipo de maravilhas nos seus sonhos, depois de um longo dia de trabalho. Felizmente, Sara Crewe não tem de se contentar com sonhos, nasceu no mais faustoso berço de ouro e tem tudo o que poderia desejar e muito mais, garantido para o resto da vida com apenas sete anos. Curiosamente, os mimos extravagantes com que Sara é presenteada não a "estragam", aliás, se não lhe tivessem explicado o tamanho da sua riqueza ela nem o reconheceria, porque o que a faz mais feliz no mundo não é algo requintado ou material, é o seu pai, o Capitão Crewe. Jovem, bonito, bondoso e extremamente rico, Ralph Crewe está o mais presente possível na vida da sua adorável Sara, especialmente depois de perder a esposa, mas quando o clima quente da Índia, onde pai e filha têm vivido, se torna demasiado para as crianças inglesas, o Capitão decide mandar a menina para uma escola interna em Londres. Sara não gosta nada da ideia e para a distrair, o Capitão Crewe decide presenteá-la com uma amiga especial, uma boneca única que os dois escolherão juntos e que se chamará Emily, uma companheira vital na jornada da protagonista. Assim, o Capitão deixa a rapariga no colégio interno da senhora Minchin, um verdadeiro monstro de mulher, onde Sara, pela sua capacidade económica, é imediatamente posta num pedestal em relação às outras alunas e chamada de "princesa", para combinar com todo o luxo que a diretora lhe concede. Passando o período de adaptação, Sara acaba por se integrar em Londres e no colégio de forma mais do que ideal: com um quarto privado, uma criada, uma carruagem e um pónei próprio, a sua fiel companheira Emily, um novo círculo de admiradoras e as cartas frequentes do pai, tudo está perfeito. No entanto, a sua vida é virada de pernas para o ar quando na sua festa de onze anos, a mais extravagante que o colégio já viu, recebe uma notícia esmagadora: o seu querido pai morreu e o novo investimento que supostamente o faria dez vezes mais rico, as minas de diamantes, falhou, deixando-o na ruína. A ruína do Capitão Crewe é a ruína de Sara e antes de poder sequer processar as notícias, a menina é alvo da fúria da senhora Minchin, que ao perceber que não pode lucrar mais de lhe fazer graxa, lhe retira tudo o que conhece e a atira para o sótão poeirento e cheio de ratos, forçando-a a ser a nova criada se não quiser ficar na rua. A partir daí, Sara vive em absoluta miséria, passa de ser tratada como uma princesa para ser esbofeteada se abrir a boca, pouco tem que comer, é proibida de interagir com todas as que antes eram suas amigas e fica isolada do mundo, como um segredo sujo. Tudo o que lhe sobra é a sua imaginação fantástica, a que Sara se agarra para sobreviver, decidindo que continuará a agir como a mais nobre das princesas, com toda a integridade, graciosidade e bondade de uma, mesmo vestida em trapos. Fazendo o seu melhor para não perder quem é depois de lhe ter sido retirado tudo o resto, Sara tem uma jornada muito dura pela frente, mas, felizmente, a raridade dos corações puros não passa despercebida e muitas surpresas extraordinárias estão à sua espera no fim do caminho, se ela se conseguir aguentar.

Cʀɪᴛᴇ́ʀɪᴏs ᴅᴇ Cʟᴀssɪғɪᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ:

Qᴜᴀʟɪᴅᴀᴅᴇ ᴅᴀ Pʀᴏsᴀ: A forma como a autora escreve é um miminho, não há outra forma de colocar as coisas. É poesia subtil, cheia de lições, significado e descrições lindas que realmente colocam o leitor a pensar. É capaz de ser um dos meus estilos de prosa favorito.

Hɪsᴛᴏ́ʀɪᴀ: A história da Sara é uma das mais belas, se não mesmo a mais bela, que eu alguma vez já li. É um conto de resiliência, conquista, integridade e, principalmente, moralidade, que ultrapassa tudo. O leitor está ao lado de Sara em todos os momentos: desde o ambiente de luxo, admiração e amor que a rodeou durante tanto tempo, ao instante onde a realidade perfeita se estilhaça em frente dos seus olhos, até às consequências da ruína do Capitão Crewe, onde uma menina inocente acaba no fundo de um poço escuro, sem nenhuma saída aparente, de onde não parece valer a pena levantar-se. É uma leitura altamente emocional que não permite a fuga a uma série de duras introspeções e que acima de tudo inspira. Não é um conto exatamente original, há o da Cinderela como comparação, mas tem um sentimento único e etéreo que não se consegue colocar em palavras.

Pᴇʀsᴏɴᴀɢᴇɴs: A Sara, como já brevemente mencionei, tem um coração de Cinderela, e o mesmo super poder, algo que é muitas vezes ignorado a favor das críticas superficiais à sua história. O seu grande super poder é a sua força, uma força subtil e generosa que não precisa de anunciar a sua existência a plenos pulmões, mas que está lá na sua habilidade de manter a integridade, graciosidade e empatia pelos outros, independentemente de quantas vezes é espezinhada. A Sara é uma protagonista inspiradora, uma menina que não é definida pela sua idade ou circunstâncias e que decide, conscientemente, que a raiva e a tristeza não a vão tirar do lugar onde está, que tudo o que pode fazer é continuar a andar e a oferecer tanto aos outros como espera receber. É sem dúvida uma das minhas personagens favoritas no mundo inteiro, tem um crescimento profundo ao longo da história e são precisas mais protagonistas como ela. Em relação aos outros, todas as personagens são afetadas pela jornada da Sara, o que mostra a sua relevância como protagonista. No caso de, por exemplo, Becky, Ermengarde e Carrisford, a influência de Sara desafia-os a enfrentar os seus medos e inseguranças e deixa-os, no fim do conto, num lugar mais positivo, por estarem dispostos a evoluir. Já a senhora Minchin recusa ter de lidar com os problemas internos que a chegada de Sara lhe traz ao de cima, decidindo que não quer crescer e acabando a história numa situação negativa.

Rᴏᴍᴀɴᴄᴇ: Não há, a Sara é muito nova e já tem muito com que se ocupar. O mesmo para o resto dos personagens.

Iᴍᴇʀsᴀ̃ᴏ: A prosa da autora é magnifica então não será de espantar que tudo o que nos é descrito seja muito fácil de visualizar e extremamente vívido. Mesmo nos momentos mais difíceis da obra, fui transportada para um ambiente lindo e irreal e vivi com a Sara tudo o que lhe foi apresentado. Se há uma coisa que não falha neste livro é a capacidade de imersão, dá vontade de mergulhar nas páginas e não voltar à superfície.

Iᴍᴘᴀᴄᴛᴏ: Li este livro muitas vezes, a este ponto isso já não devia ser novidade, não costumo recomendar algo que me é novo, e todas as vezes foram uma experiência encantadora. Este é o meu livro de conforto, se esse conceito vos for familiar, sempre que estou zangada, preciso de motivação ou de alguma coisa que me devolva a fé na humanidade, é o que leio. Mostra-me sempre, sem falhas, que sacrificar quem eu sou não vale a pena, em nenhuma circunstância, e que quem oferece o melhor de si ao mundo, recebe o melhor que o mundo tem para dar. A Sara serve de modelo para como eu quero ser, eu idolatro protagonistas em vez de celebridades, e relembra-me sempre que não há arma mais poderosa do que a integridade (como a Selena Gomez diz, mata-os com bondade). "A Princesinha" desafia ao crescimento e poucas obras estão tão bem memorizadas na minha cabeça como esta.

Cʟᴀssɪғɪᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ Fɪɴᴀʟ:⭐⭐⭐⭐⭐

Iᴅᴀᴅᴇ Aᴄᴏɴsᴇʟʜᴀᴅᴀ: Qualquer idade honestamente, a Sara é o modelo perfeito para os mais novos, embora possa ter lições mais claras para os mais velhos. Costumo dar sempre uma idade mínima mas este é o tipo de livro que foi propositadamente escrito para ser relido muitas vezes, então mesmo que seja lido por alguém muito pequeno, vai ter muito a oferecer mais à frente.

Cᴏɴᴄʟᴜsᴀ̃ᴏ/Oᴘɪɴɪᴀ̃ᴏ Fɪɴᴀʟ: Já é bem claro o que penso, só não disse ainda as palavras óbvias: ISTO É UMA OBRA-PRIMA. O facto de não ter mil e um enredos a acontecer ao mesmo tempo não reduz a beleza deste livro, e eu não sou de dar cinco estrelas facilmente. É absolutamente algo que todos deviam ler a algum ponto da vida, talvez se o fizessem, teríamos uma sociedade mais humana. Então, claro, megaaaaaaaa RECOMENDO!

Pᴀʀᴀ ᴏʙᴛᴇʀ: A Princesinha, Frances Hodgson Burnett - Livro - Bertrand

Assɪɴᴀᴅᴏ: Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ 𝐿𝓊𝓏 Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒlit


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